O crime organizado intensificou as ameaças contra a família de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38 anos, ex-integrante e delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), executado com 10 tiros de fuzil em novembro de 2023, no aeroporto internacional de Guarulhos.
De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a facção havia estabelecido o prazo até 31 de dezembro de 2024 para que a família do delator quitasse uma dívida de R$ 6 milhões. A quantia seria referente a valores roubados de duas casas-cofre do integrante conhecido pelo apelido de “Tacitus”, um dos principais alvos da operação policial originada pelas denúncias de Gritzbach.
As casas-cofre são imóveis utilizados pelo PCC para armazenar armas, drogas e grandes quantias em dinheiro provenientes do tráfico internacional. Esses locais possuem estruturas reforçadas, como bunkers e paredes falsas, para despistar as autoridades.
Gritzbach revelou à polícia os endereços de 15 dessas casas, causando um prejuízo estimado de R$ 90 milhões à organização criminosa. As informações também implicaram dois investigadores, Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como “Xixo”, e Valmir Pinheiro, chamado de “Bolsonaro” por sua semelhança física com o ex-presidente, que invadiram os imóveis sem mandados judiciais e desviaram parte do dinheiro. Ambos foram presos em setembro de 2024.
Com o vencimento do prazo para o pagamento da dívida, Tacitus renovou as ameaças de morte contra os parentes de Gritzbach. Em mensagens enviadas nesta semana, ele afirmou que “não há mais chances” para a família.
“Nosso dinheiro fede a sangue. Sei que não pagaram ainda porque não tiveram acesso ao patrimônio dele [Gritzbach]. Isso não é problema meu”, escreveu Tacitus. Ele ainda alertou que “quem estiver se beneficiando do nosso dinheiro vai pagar com a própria vida”.
O criminoso afirmou ter “poder de decisão sobre qualquer inimigo no Estado de São Paulo” e insinuou que os familiares estariam utilizando carros de luxo comprados com o dinheiro roubado.
Os investigadores Xixo e Bolsonaro, também ameaçados de morte, estão detidos no Presídio Especial da Polícia Civil, na zona norte de São Paulo. Segundo a Polícia Federal, eles teriam recebido R$ 800 mil em propina de João Carlos Camisa Nova Júnior, narcotraficante envolvido na exportação de cocaína para a Europa.
As ameaças aos parentes de Gritzbach evidenciam a brutalidade do PCC em cobrar lealdade e eliminar qualquer desafio à sua autoridade. O MP-SP e a Polícia Federal continuam monitorando os desdobramentos do caso, mas a segurança dos familiares segue em risco.
O episódio ressalta a complexidade do enfrentamento ao crime organizado no Brasil, que exige ações coordenadas e rigorosas para desmantelar suas operações e proteger aqueles que colaboram com as investigações.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line