O ex-presidente Jair Bolsonaro – Foto: Reprodução

O Brasil passa por um momento extremamente grave e delicado. Um grupo de extrema direita, que saqueou o país, foi pego em flagrante delito numa tentativa de golpe de Estado. Inconformados com a derrota eleitoral, fizeram, despudoradamente, movimentos golpistas. Na investigação sobre a organização criminosa armada que atentou contra o Estado democrático de direito, comprovadamente tentando impor uma Ditadura, o interessante é que a maioria das provas foram produzidas pelos próprios réus. Em regra, pessoas de pouquíssimo discernimento, prepotentes e indigentes intelectuais, eles cuidaram de produzir inúmeras provas ao longo da investigação.

Mas, agora, algo chamou atenção. Um dos pontos mais graves e ousados da trama golpista era o tal plano “Punhal Verde e Amarelo”. Nada mais do que um projeto para matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, o ministro Alexandre de Moraes e uma outra autoridade, que parecia ser o ex-ministro José Dirceu. Os bolsonaristas, indignados, bradavam que não existia plano algum. Que seria mais uma invenção da esquerda. Uma criação da Polícia Federal e do Ministério Público.

Para perplexidade geral, o general Mário Fernandes, em seu interrogatório perante o Supremo Tribunal, admitiu que foi ele o autor do plano! Ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, no dia 24 de julho, quinta-feira, confessou ter idealizado o plano que previa a utilização de um arsenal de guerra: pistolas, fuzis, metralhadoras e lança granadas. Havia ainda a previsão da criação do “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para assumir o poder após os assassinatos. O grupo criminoso era formado por militares das Forças Especiais do Exército, os chamados “Kids pretos”.

O general Mário Fernandes – Foto: Reprodução

O plano chegou a ser colocado em ação, mas, felizmente, não tiveram êxito. A ideia era executá-lo em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação, e depois foi adiado para 15 de dezembro. Impressiona pensar que no dia 12, após a diplomação, o presidente Lula, o vice Alckmin, o ministro Alexandre de Moraes e outros ministros que seriam empossados estavam justamente comemorando em minha casa a volta da Democracia.

Por tantos descalabros e absurdos, chego a pensar em algo completamente inusitado. Sempre fui contrário ao instituto da delação premiada, que surgiu como um direito da defesa, mas foi prostituído pela Lava Jato. Nunca defendi os delatores. Porém, neste momento, com o país vendo os golpistas se encaminharem para condenações de mais de 30 anos, com ações golpistas ainda em curso por agentes do Estado – como Eduardo Bolsonaro – e com um desespero completo nas hostes bolsonaristas, não seria hora do Bolsonaro confessar? Fazer uma delação. Trazer à tona os empresários, financiadores, políticos e quem mais está de fora da ação que levará dezenas de pessoas para o cárcere.

A briga pelos votos do ex-presidente já está fraticida. Ele verá o desenrolar dessa disputa atrás das grades, onde viverá o resto dos seus dias. Provavelmente com alguns de seus filhos fazendo companhia. Essa é, talvez, a única saída digna desse abismo. Fale Bolsonaro!

Remeto-me a Clarice Lispector:

“Perdi muito tempo até aprender que não se guarda as palavras. Ou você as fala, as escreve, ou elas te sufocam.”

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Last Update: 31/07/2025