Boato – A polícia teria prendido um homem em Jataí (GO) por vender mosquitos contaminados com dengue com o objetivo de gerar atestados médicos falsos.

Análise

Voltou a circular nas redes sociais uma suposta história ocorrida em Jataí, Goiás. De acordo com a publicação, um homem teria sido preso após a polícia descobrir que ele estava vendendo mosquitos transmissores da dengue com o objetivo de contaminar pessoas e, assim, garantir que elas conseguissem atestados médicos para se afastar do trabalho por mais de sete dias.

Como acontece com muitos boatos que viralizam em tempos de surtos de doenças, a história voltou a ganhar força no contexto do aumento de casos de dengue no Brasil. A seguir, veja o conteúdo que está sendo compartilhado.

A polícia foi até a casa de um homem acusado de vender mosquitos transmissores da dengue em Jataí, Goiás. Segundo a denúncia anônima feita a um instituto de combate à doença, o objetivo era infectar trabalhadores para que pudessem conseguir atestados médicos com afastamento superior a sete dias úteis. Ao chegar na residência, os agentes encontraram o suspeito descansando.

Nos fundos, havia focos de larvas do mosquito, e dentro da casa foram localizados panfletos com orientações sobre prevenção da dengue, como a ingestão de líquidos e a recomendação de procurar atendimento médico aos primeiros sintomas. Durante o interrogatório, o homem confessou o crime e entregou uma agenda com nomes de possíveis envolvidos no esquema de fraudes, que agora serão investigados.

Checagem

A história (assim como no passado) viralizou, mas é fake. Para analisar o conteúdo, vamos responder a três perguntas principais: 1) Um homem foi preso por vender mosquito da dengue para atestados médicos em Goiás? 2) Desde quando a história circula nas redes? 3) Seria possível uma situação dessas acontecer na vida real?

Um homem foi preso por vender mosquito da dengue para atestados médicos em Goiás?

Não há qualquer registro policial, judicial ou noticiário sério que comprove essa história. Nenhum dos grandes veículos de imprensa que atuam na região de Jataí ou no estado de Goiás reportou o caso.

Além disso, o conteúdo (que sequer identifica o suposto homem preso) não tem outras versões. Qualquer referência só se utiliza do mesmo texto.

Não bastasse, buscas por fontes oficiais da Secretaria de Segurança Pública de Goiás também não indicam qualquer ocorrência semelhante. Trata-se de uma história que circula apenas em postagens anônimas, sem nenhuma comprovação factual.

Desde quando a história que aponta que um homem foi preso por vender mosquito da dengue para atestados médicos em Goiás?

Essa narrativa circula na internet desde pelo menos 2015. A origem rastreável mais antiga leva a uma página de humor que sequer continua no ar. Tudo indica que o conteúdo foi criado como uma piada e, com o tempo, passou a ser compartilhado como se fosse verdade.

Seria possível isso ocorrer de verdade?

Mesmo que a história fosse minimamente factível, ela esbarra em obstáculos científicos e legais. Para começar, não é simples “produzir” ou “armazenar” mosquitos infectados com um vírus como o da dengue em ambiente doméstico.

O Aedes aegypti não transmite o vírus imediatamente após nascer — ele precisa picar uma pessoa contaminada, passar por um período de incubação e só depois se torna capaz de infectar outros. Além disso, a comercialização de vetores de doenças é um crime ambiental e de saúde pública, mas não há qualquer registro de prisão com esse enredo.

Conclusão

É falso que um homem tenha sido preso em Jataí, Goiás, por vender mosquito da dengue para ajudar pessoas a conseguir atestados médicos. A história é uma sátira antiga de 2015 que foi reciclada nas redes sociais e não há qualquer indício de que o episódio tenha ocorrido de fato.

Fake news ❌

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Last Update: 29/04/2025