Fadwa Tuqan nasceu em Nablus, cidade do norte da Palestina, em 1917. Fadwa era filha de Abd al-Fattah Tuqan e Fawziyya Amin Asqalan. Cresceu em uma família grande e tradicional, com cinco irmãos — Yusuf, Ibrahim, Ahmad, Rahmi e Nimr — e duas irmãs, Fataya e Adiba. A família Tuqan já era conhecida em Nablus por sua atuação intelectual e cultural: seu irmão Ibrahim Tuqan, que viria a ter papel determinante em sua formação, era um poeta renomado e professor.

Ainda na infância, Fadwa ingressou na escola Fatimiyya e depois na Aishiyya, mas foi forçada a interromper seus estudos formais após apenas cinco anos, por imposição de normas sociais conservadoras e pressão familiar, especialmente de seu irmão Yusuf. Foi obrigada a permanecer em casa, isolada, limitada pelas restrições impostas às mulheres. A opressão do ambiente familiar teve consequências profundas: Fadwa chegou a cogitar o suicídio ainda jovem.

Foi com a ajuda de Ibrahim, que havia estudado na Universidade Americana de Beirute, que Fadwa encontrou uma saída. Ele não apenas acolheu a irmã em Jerusalém — para onde ela se mudou em busca de libertação do ambiente sufocante de Nablus — como também passou a guiá-la intelectualmente. Foi ele quem a introduziu ao estudo da língua árabe, à poesia e à leitura crítica, dando-lhe acesso à educação informal e abrindo caminho para sua formação autodidata. Nesse processo, Fadwa começou a escrever seus primeiros poemas e enviá-los a publicações do Cairo e de Beirute, utilizando pseudônimos para evitar a censura social.

A morte prematura de Ibrahim, em 1941, foi um golpe duro. Ainda assim, Fadwa continuou sua formação de forma independente e aprofundou sua escrita. O impacto da Nakba de 1948, quando mais de 750 mil palestinos foram expulsos de suas terras pelos sionistas, marcou profundamente sua obra, dando início à sua ligação explícita entre poesia e resistência nacional. Ao longo da década de 1950, Fadwa começou a participar da vida política, ainda que de forma lateral. Em 1956, integrou a delegação jordaniana que participou da Conferência Mundial pela Paz, organizada pelo Conselho Mundial da Paz, em Estocolmo. A viagem se estendeu à Holanda, à União Soviética e à China, marcando o início de sua internacionalização como intelectual ligada à luta dos povos oprimidos.

No mesmo ano, Fadwa aderiu ao Clube Cultural de Nablus, fundado por Walid Qamhawi. Foi ali que iniciou uma vida política mais ativa e ampliou sua rede de contatos, aproximando-se de figuras como Kamal Nasir, poeta e deputado jordaniano, e Abd al-Karim al-Karmi (Abu Salma), também poeta e militante. A poeta desempenhou, inclusive, papel direto na resistência ao regime jordaniano: em 1957, ajudou a esconder em sua casa Abd al-Rahman Shuqair, líder nacionalista perseguido, garantindo sua fuga para a Síria.

No início dos anos 1960, Fadwa partiu para a Inglaterra, onde viveu por dois anos em Oxford estudando literatura e língua inglesa. A estadia no centro do imperialismo britânico não a afastou da luta, pelo contrário: reforçou seu repertório intelectual e ampliou sua visão de mundo. Ao retornar, construiu sua própria casa nos arredores de Nablus, em uma decisão carregada de simbolismo: era a primeira vez que rompia de forma definitiva com a tutela familiar e afirmava sua independência como mulher e como intelectual.

No entanto, a guerra de 1967 — quando “Israel” ocupou a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental — transformou sua vida novamente. O sentimento de tragédia nacional foi canalizado em sua produção literária, que passou a tratar de forma cada vez mais explícita da resistência armada e cultural contra a ocupação sionista.

Além da poesia, Fadwa também produziu uma autobiografia em dois volumes. Nos textos, abordava ainda suas atividades políticas, os bastidores de suas relações com outros poetas palestinos e seu enfrentamento à ocupação estrangeira.

Com o avanço da luta nacional palestina, Fadwa foi eleita para o Conselho Curador da Universidade al-Najah, quando esta foi fundada em Nablus, em 1977. Escreveu o hino da instituição e recebeu um doutorado honoris causa. A essa altura, já era uma referência incontestável da cultura palestina e do mundo árabe.

Fadwa Tuqan faleceu em 12 de dezembro de 2003, aos 85 anos, após sofrer um derrame cerebral que afetou sua visão e dificultou sua leitura e escrita. Foi enterrada em Nablus, cidade que jamais abandonou e à qual dedicou toda sua vida e poesia.

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Last Update: 12/05/2025