Donald Trump apelou a negociações com Teerã, ao mesmo tempo que o ameaçou com ataques militares
O presidente iraniano Masoud Pezeshkian reafirmou em 11 de março a posição de Teerã contra negociações com os EUA sob ameaças e sanções.
“Devemos ter relacionamentos com o mundo; não queremos discutir ou lutar com ninguém, mas também não nos curvaremos em humilhação diante de ninguém”, disse o presidente.
“Dizer a alguém, ‘Nós lhe damos ordens para fazer isso e aquilo, e se você não fizer, nós faremos isso com você’, é humilhante”, ele continuou dizendo. Ele também comentou sobre a tensa reunião recente entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “O que [Trump] fez com Zelensky é realmente vergonhoso.”
“Morreremos com dignidade, mas não viveremos em desgraça. Se as negociações forem conduzidas com respeito e com base em interesses mútuos, estamos dispostos a sentar e conversar. No entanto, a linguagem de ameaças e força é absolutamente inaceitável para nós”, afirmou Pezeshkian.
“Eu pessoalmente não vou sentar com você, fazer o que diabos você quiser”, ele acrescentou, dirigindo-se a Trump.
“Minha visão pessoal é nos envolver em conversas com todos, incluindo os EUA. Mas quando o Líder Supremo disse que não negociaríamos, eu aderi a essa decisão. Mantemos a posição do Líder Supremo e não nos desviaremos – ele define o curso, e devemos segui-lo”, afirmou Pezeshkian.
O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse na quarta-feira que Teerã participará de uma reunião tripartite em breve com a China e a Rússia sobre a questão nuclear com Washington. Moscou recentemente se ofereceu para ajudar a facilitar as negociações EUA-Irã.
Ele também comentou sobre a reunião do Conselho de Segurança da ONU marcada para 12 de março, convocada pelos EUA, França, Grécia e outras nações e que visa o enriquecimento de urânio iraniano.
Araghchi chamou isso de “um assunto novo e estranho, e levanta dúvidas sobre as boas intenções daqueles que o pediram”.
Ele também disse que o Irã não recebeu nenhuma mensagem de Trump até o momento, mas uma carta “foi escrita” e será entregue a Teerã por meio de um estado árabe “em breve”.
Ao assumir o cargo, Trump assinou uma ordem executiva restabelecendo sua política de “pressão máxima” sobre o Irã, que, segundo Washington, visa impedir que Teerã transforme seu programa nuclear em arma e apoie o “terrorismo”.
Trump tem se concentrado principalmente em reprimir os embarques de petróleo iraniano.
Teerã tem repetidamente criticado Washington por expressar uma disposição de manter negociações nucleares e, ao mesmo tempo, retomar uma guerra econômica completa contra o país. O Irã tem enfrentado uma crise econômica recentemente, fazendo com que sua moeda despencasse para uma baixa recorde em relação ao dólar.
“Alguns governos valentões – eu realmente não conheço nenhum termo mais apropriado para algumas figuras e líderes estrangeiros do que a palavra intimidação – insistem em negociações. Suas negociações não visam resolver problemas; elas visam a dominação”, disse o Líder Supremo Iraniano Ali Khamenei em 8 de março.
Trump disse um dia antes que enviou uma carta à liderança iraniana ameaçando-os a negociar ou arriscar um ataque ao seu programa nuclear.
“Escrevi uma carta para eles, dizendo que espero que vocês negociem porque se tivermos que entrar militarmente, será uma coisa terrível para eles. Há duas maneiras de lidar com o Irã – militarmente, ou vocês fazem um acordo”, disse o presidente em 7 de março.
Teerã insiste que seu programa nuclear é totalmente pacífico, em consonância com uma fatwa religiosa contra armas de destruição em massa, bem como com o fato de ser signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
No entanto, enfrenta constantes ameaças de ataque de Israel. Relatórios do mês passado citaram estimativas da inteligência dos EUA dizendo que Israel está considerando fortemente ataques a instalações nucleares iranianas, o que poderia potencialmente ocorrer neste ano.
Publicado originalmente pelo The Cradle em 12/03/2025
