A fábrica inteligente da Zeekr, marca do grupo Geely, localizada em Ningbo, na província de Zhejiang, China, iniciou a operação com dezenas de robôs humanoides atuando simultaneamente em um ambiente fabril real.
Os equipamentos realizam tarefas como separação de materiais, transporte de caixas e montagem de peças automotivas. A iniciativa marca uma etapa na aplicação de robótica colaborativa em escala industrial.
Os robôs Walker S1, desenvolvidos pela empresa de tecnologia UBTECH, com sede em Shenzhen, foram programados para atuar de forma coordenada em diferentes funções da linha de produção.
Segundo o vice-presidente da UBTECH, Jiao Jichao, os robôs operam por meio de um sistema de rede neural artificial denominado “brain network”, que integra os equipamentos em uma estrutura de trabalho sincronizada.
“Nosso sistema combina um ‘super cérebro’ responsável pela tomada de decisões e ‘mini-cérebros’ que executam ações em tempo real”, afirmou Jiao.
De acordo com ele, o “super cérebro” utiliza ferramentas de inteligência artificial, incluindo a plataforma DeepSeek, para processar dados industriais e distribuir as atividades entre os robôs. O sistema funciona como uma central de comando, encarregada de gerenciar o fluxo de trabalho e a alocação de tarefas na linha de montagem.
Já os “mini-cérebros”, presentes em cada robô individualmente, permitem o reconhecimento do ambiente ao redor, ajuste da força aplicada ao manusear peças sensíveis e comunicação em tempo real com outros robôs em operação.
O mecanismo de troca de dados possibilita ações conjuntas entre os equipamentos, sem necessidade de intervenção humana direta.
Imagens da fábrica mostram os robôs utilizando câmeras para rastrear peças, mapear zonas de operação e manipular materiais como filmes plásticos, preservando sua integridade.
Durante cada tarefa executada, os robôs registram informações que são incorporadas a uma base de dados com registros de situações industriais reais.
Segundo a UBTECH, esse banco de dados já reúne “centenas de milhões de pontos de dados industriais do mundo real”, o que permite o aprimoramento contínuo dos equipamentos e a rápida adaptação a novas funções na linha de produção.
A empresa afirma que essa capacidade reduz o tempo necessário para qualificar operadores humanos e aumenta a flexibilidade no processo fabril.
Além da fábrica da Zeekr, a UBTECH já estabeleceu parcerias com outras empresas do setor industrial e logístico. Entre elas, estão a fabricante de veículos elétricos BYD, a montadora BAIC e a empresa de logística SF Express. A meta da UBTECH é expandir o uso dos robôs humanoides em outras instalações produtivas.
“Estamos planejando expandir nossas parcerias com mais fábricas, promover amplamente o treinamento colaborativo entre múltiplos robôs e escalar o uso de humanoides em ambientes industriais”, declarou Jiao.
A implementação da robótica humanoide em ambientes industriais reforça uma tendência no setor de manufatura, voltada à automação avançada e à integração de tecnologias de inteligência artificial nos processos produtivos. O modelo permite aumento de produtividade e potencial reorganização das estruturas tradicionais de produção.
A operação com robôs em escala comercial também aponta para mudanças no perfil da mão de obra industrial, com a substituição progressiva de atividades repetitivas e a necessidade de novos modelos de qualificação profissional voltados à supervisão e manutenção de sistemas automatizados.
O uso de robôs colaborativos também está associado à possibilidade de maior precisão na montagem de componentes, controle em tempo real de variáveis de produção e coleta sistemática de dados para análise de desempenho e eficiência.
As informações coletadas ao longo das atividades operacionais alimentam algoritmos de aprendizado contínuo, otimizando o desempenho dos sistemas de automação.
A fábrica da Zeekr está entre as primeiras do setor automotivo na China a adotar esse modelo com robôs humanoides operando simultaneamente em uma mesma linha de produção.
A iniciativa é acompanhada por outros projetos-piloto na indústria local, que busca consolidar um novo padrão de automação baseado em interação entre máquinas com capacidades cognitivas integradas.
Com a ampliação dessas práticas, empresas do setor industrial pretendem reduzir tempos de produção, minimizar falhas e aumentar a previsibilidade operacional.
A consolidação desse modelo poderá influenciar as estratégias de produção em outras regiões, em um contexto de transformação dos paradigmas da indústria global.
A fábrica inteligente da Zeekr, com a operação de robôs humanoides em larga escala, passa a integrar o grupo de iniciativas que testam novas formas de automação colaborativa, combinando inteligência artificial, robótica e análise de dados como elementos centrais da produção industrial.