Nos últimos dias, vem sendo noticiado em diversos órgãos de imprensa, inclusive israelenses, que um acordo de cessar-fogo entre “Israel” e a Resistência Palestina estaria cada vez mais próximo de ser firmado. O acordo, constituído em duas fases, resultaria na libertação de mais de 1.000 prisioneiros palestinos na primeira fase, assim como o início da retirada da Faixa de Gaza das tropas israelenses de ocupação
Manifestando-se sobre o possível cessar-fogo, setores da extrema-direita sionista (ainda mais fascistas que Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro, e seu partido, o Licude) consideram que o acordo será uma derrota para “Israel”, caso aceito pelo governo. Nesse sentido, Yehoshua Shani, pai de sionista eliminado pela resistência, e chefe do Fórum Gevurá, organização de familiares de soldados sionsitas abatidos pelos combatentes palestinos, declarou que “o acordo que está surgindo não será uma vitória completa, mas um fracasso completo“. Segundo Yehoshua Shani, “Este acordo deixa perto de 70 reféns que poderiam ser Ron Aradim”, fazendo referência a militar israelense capturado pelo Hesbolá em 1988, e ao fato de que 33 prisioneiros israelenses seriam libertados pelo Hamas na primeira fase do acordo, sendo o restante libertados em uma segunda fase.
O chefe da organização também comentou o fracasso de “Israel” na luta contra a resistência, reclamando de pressão militar vacilante e afirmando que “estamos perdendo sangue de soldados por causa da maneira como a campanha está sendo conduzida”, e que Netaniahu e Israel Katz (ministro da defesa), estão “deixando essas coisas acontecerem e não substituindo a liderança militar”. Ainda, Yehoshua Shani afirmou que Netaniahu “provavelmente cedeu à pressão de Trump”, e que o primeiro-ministro “é incapaz de enfrentar Trump, que está liderando o acordo problemático”.
Políticos representantes do sionismo religioso, atualmente a vertente política mais fascista dentro do sionismo (um movimento já fascista), também se manifestaram. Dentre os que compõem o governo Netaniahu, manifestou-se o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que declarou que o acordo que se desenvolve é uma “catástrofe” para “Israel”. Falando como líder do Partido Religioso Nacional – Sionismo Religioso, Smotrich declarou que “não faremos parte de um acordo de rendição que incluiria a libertação de terroristas, o fim da guerra e a dissolução das conquistas que foram compradas com muito sangue, além do abandono de muitos reféns”. A oposição de Smotrich provocou “uma reação furiosa de famílias de reféns e outros que pressionam pelo acordo há muito buscado”, conforme noticiado pelo jornal The Times of Israel.
No mesmo sentido foram as declarações de Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional e líder do partido Poder Judeu, partido herdeiro do Kahanismo, a forma mais extrema do fascismo sionista. Em publicação em sua página no X, Ben-Gvir exortou ao “meu colega, Ministro Bezalel Smotrich, que junte forças comigo e, juntos, trabalharemos contra o acordo incipiente”, acrescentando que ambos vêm sabotando um cessar-fogo: “No ano passado, usando nosso poder político, conseguimos impedir que esse acordo fosse adiante, vez após vez”, declarou Ben-Gvir.
O ministro também ameaçou que ele e seus aliados renunciarão ao governo, caso o acordo seja firmado. Segundo declaração própria, a ameaça de renúncia se dá porque seu partido, o Poder Judeu, não tem mais forças para impedir o acordo: ““Recentemente, outros atores que apoiam o acordo se juntaram ao governo, e não temos mais o equilíbrio de poder. O Poder Judeu sozinho não tem a capacidade de impedir o acordo. Sugiro que vamos juntos ao primeiro-ministro e o informemos que, se ele aprovar o acordo, renunciaremos ao governo”, exortou Ben-Gvir a Smotrich.
Além destes, parlamentares dos partidos Poder Judeu, Sionismo Religioso e Licude assinaram carta contra “qualquer acordo que não inclua a libertação de todos os reféns de uma só vez, que exija quee Israel ceda o controle militar e que não inclui um mecanismo para impedir que os habitantes de Gaza regressem em massa ao norte da Faixa, em grande parte destruída”, conforme noticiado pelo The Times of Israel. A carta, que foi assinada também pelo chefe da já citada organização Gevurá e pelo chefe do Tikva, organização semelhante, declara o seguinte: “Nós nos posicionamos contra a atmosfera de fraqueza de dentro [de Israel] e a pressão agressiva de fora e exigimos uma derrota completa [do Hamas] e uma vitória total […] Mesmo que haja um acordo de cessar-fogo, você não pode cruzar essas linhas vermelhas morais [servindo] à segurança de Israel”.
Indo além, Daniela Weiss, líder do movimento sionista de extrema-direita Nachala, afirmou que o acordo é um “abandono da segurança do Estado de Israel”, e pediu a derrubada do governo Netaniahu: “Não há direito de existir para um governo que abandona o Estado de Israel. Este acordo é uma rendição completa ao terrorismo e nós, como povo, não devemos permitir isso”. Ressalta-se que Weiss prega pela completa expulsão dos palestinos e toda a Palestina, senão seu extermínio. Documentário da emissora TRT World mostra Weiss fazendo um turismo de barco, junto de outros colonos, para ver Gaza ser bombardeada.
As manifestações da extrema-direita sionista, de que um acordo seria uma derrota, condizem com a realidade do que vem acontecendo em Gaza. Apesar de todo o massacre contra civis indefesos, os combatentes da Resistência Palestina, liderada pelo Hamas e os combates das Brigadas Al-Qassam vem eliminado cada vez mais militares sionistas, impedindo a entidade sionista de conquistar qualquer objetivo militar.