A extrema direita conquistou o primeiro turno das eleições legislativas na França, em um movimento considerado histórico.
De acordo com as primeiras estimativas, o Rassemblement National (RN) obteve 34,2% dos votos, enquanto a coalizão de esquerda, Nouveau Front Populaire (NFP), alcançou 29,1%.
A maioria presidencial de Emmanuel Macron apareceu com 21,5% dos votos.
As primeiras projeções foram divulgadas logo após o fechamento das urnas nas grandes cidades.
A dissolução da Assembleia Nacional pelo presidente Emmanuel Macron, após a derrota nas eleições europeias no início do mês, surpreendeu até mesmo seu gabinete ao convocar novas eleições.
No Conselho Econômico, Social e Ambiental da França, a percepção foi de que o ato jogou o país em uma crise política e democrática sem precedentes.
Pesquisadores consideraram o gesto como um “golpe de estado psíquico”, deixando milhões sem entender.
Ao mesmo tempo, uma nova tendência emergiu, segundo relato do jornalista Jamil Chade: a “ansiedade fascista”, o medo do que pode ocorrer se políticos herdeiros de movimentos xenófobos, antidemocráticos e anti-europeus chegarem ao poder. A eleição ocorre em dois turnos.
Nas regiões onde nenhum candidato obteve a maioria dos votos neste domingo, a população terá que realizar um segundo turno com os nomes mais votados no dia 7 de julho.
Mais de 200 políticos de centro, centro-esquerda, esquerda e ecologistas fizeram um apelo para que, neste momento de definição, haja um compromisso entre as forças políticas para unir esforços onde houver a chance de um candidato da extrema direita vencer.
Se o RN conseguir reunir um número suficiente de eleitos para se estabelecer como maioria no Parlamento, poderá escolher um primeiro-ministro.
Esta seria a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que a França teria um governo conduzido pela extrema direita.
Para Emmanuel Macron, a chegada ao poder do RN significa que terá de compartilhar o poder até as eleições de 2027, abrindo uma era de incertezas para o país. Apesar de já ter havido coabitação entre partidos diferentes, é inédito que isso ocorra com a extrema direita, que já deixou claro que não está disposta a fazer concessões.
O resultado é ainda uma derrota pessoal para Macron, que apostava na união dos partidos republicanos para criar um “cordão sanitário” contra os extremistas.
No mês passado, em um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva às margens do G7, Macron expressou sua crença de que os franceses votariam de forma diferente quando o tema fosse seu próprio parlamento, evitando apoiar o RN. Sua avaliação, no entanto, não se concretizou.
Do lado do RN, a avaliação é recebida com ironia, indicando que Macron errou em todas suas projeções. Agora, resta aguardar o segundo turno e observar como a dinâmica política na França se desenrolará nas próximas semanas.