A política de massacre e extermínio brutal das populações periféricas pela polícia comandada pelo governador de extrema direita de São Paulo, Tarcísio de Freitas, segue a todo vapor com o aumento de 65% das mortes causadas por policiais em 2024. O estudo feito pela USP e revelado pelo jornal O Globo mostrou que apenas 2% dos policiais envolvidos nesses assassinatos foram condenados e que 85% dos casos ocorridos entre 2015 e 2020 foram arquivados.
A explosão da letalidade policial no maior estado brasileiro tem outro nome e sobrenome além do governador. Todos os horrores e descalabros acontecem sob a gestão desastrosa do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.
O mais recente ocorreu dia 10, quando os cabos Renato Torquatto da Cruz e Robson Noguchi de Lima foram gravados na zona sul da capital paulista matando Igor Oliveira de Moraes Santos, de 24 anos, mesmo após ele se render.
“Algo está errado nessa política de segurança que é fatal tanto para a população quanto para os policiais. Tudo é resultado dessa ação desastrosa, da conduta (do governador) dizendo abertamente à tropa que poderia fazer o que quisesse que não haveria problema. Eis que o problema apareceu: assassinatos, execuções e o estado de São Paulo sendo acusado por órgãos internacionais. O governador teve que realmente dar um passo atrás e perceber a sua insuficiência para gerir a segurança pública do nosso estado”, afirmou Abdael Ambruster, coordenador nacional de Segurança Pública do PT.
Em entrevista na manhã desta segunda-feira (21) ao programa Café PT da TvPT, ele lembrou que, com a utilização das câmeras corporais, a letalidade da PM de São Paulo caiu 62%.
“Mas por conta desse desleixo em relação à política que deu certo, aumentou em 61%. É nítido, claro e certo o erro cometido pelo governador. Bastou as câmeras deixarem de ser utilizadas para a violência aumentar”, sentenciou Abdael ao se referir ao cancelamento, pelo governador, do funcionamento contínuo das câmeras e permissão para ativação manual dos próprios policiais.
No caso do assassinato de Igor Oliveira, uma das câmeras corporais foi ligada por engano ou por disparo automático, o que ativou todas as outras em um raio de 20 metros via Bluetooth. A gravação começou 90 segundos antes da execução.
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A explosão do fascismo dentro da PM de São Paulo se cristaliza em dados. Em 2023 foram registrados 460 casos e 760 em 2024, perfazendo catastrófica média diária de dois óbitos causados por PMs em São Paulo. Em 2022, ano de ampliação do programa de uso de câmeras corporais, foram 396 mortes, menor número desde 2017.
Investigações frágeis, intimidação e arquivamento
O estudo conduzido pela pesquisadora da USP, Débora Nachmanowicz, examinou casos ocorridos entre 2015 e 2020 e constatou que, de um universo de 1.293 inquéritos e ações judiciais que envolveram mortes cometidas por PMs na capital de São Paulo, a grande maioria (85%) teve como destino o arquivamento. Outros 10% resultaram em denúncias, com menos de 2% de condenações. Dos processos que chegaram ao Tribunal do Júri, apenas 46% terminaram com vereditos de culpa.
A pesquisadora avalia que há um contexto de intimidação nos julgamentos envolvendo PMs porque o nome dos jurados é público. Durante sessões ela observou a presença ostensiva de colegas dos réus nas galerias dos tribunais.
Débora apontou ainda a fragilidade das investigações, baseadas apenas na versão do policial envolvido, poucos casos com testemunhas ou um laudo necroscópico indicando um tiro à queima-roupa. A ausência de elementos probatórios consistentes, segundo ela, favorece a tese de legítima defesa, levando às decisões de arquivamento.
Estupros e feminicídios cresceram em SP
A negligência covarde do governador Tarcísio de Freitas atinge em cheio os direitos das mulheres e faz crescer os números da violência. O estado bateu recorde de notificações de estupro no primeiro trimestre de 2025, com 3.862 casos no período, o maior registro desde a última alteração da tipificação legal do estupro, em 2018.
Os estupros de vulnerável correspondem a 75% dos casos totais no período avaliado, segundo o site UOL em matéria divulgada em junho.
O esquadrão da morte chefiado por Tarcísio realiza execuções sumárias de civis desarmados, sobretudo jovens. De 2022 a 2024, o número de vítimas entre 10 e 19 anos no estado mortas por policiais em serviço cresceu em 120%, o que significa que, sob o comando da PM de São Paulo matou mais que o dobro de crianças e adolescentes.
Os dados alarmantes estão no relatório “As câmeras corporais na Polícia Militar do Estado de São Paulo: mudanças na política e impacto nas mortes de adolescentes”, divulgado em abril pelo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Da Redação, com informações do Brasil 247