Expansão agressiva desencadeia conflito em Síria

Na última quarta-feira, milícias pró-imperialistas intensificaram suas operações no noroeste da Síria, lançando uma ofensiva contra o Exército Sírio Árabe na direção de Aleppo, a segunda maior cidade do país árabe. Em resposta, as forças sírias, com apoio da Rússia, realizaram bombardeios aéreos e ataques com mísseis, atingindo posições estratégicas das milícias, incluindo linhas de suprimento e locais de treinamento. Os combates envolveram o Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) e outras facções armadas, com ataques também direcionados a vilarejos e cidades próximas a Aleppo.

Durante a ofensiva, as milícias avançaram em direção a Aleppo, ocupando vários assentamentos e buscando cortar vias estratégicas como a rodovia M5. A situação resultou em confrontos intensos, com grande número de mortos e feridos, enquanto os ataques aéreos das forças sírias e russas visavam enfraquecer o avanço das milícias e estabilizar a região. Muitos postos tomados pelo HTS foram retomados pela Síria na quinta-feira, no entanto, a ofensiva imperialista segue.

As Forças Armadas Sírias recuperaram os vilarejos de Jobas, Dadikh e Kafr Batekh, localizados no leste de Idlib. A contraofensiva também empregou mísseis para destruir posições anteriores do HTS, além de bombardear o quartel-general da sala de operações conjuntas dos militantes, liderada pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), e outro quartel em Mare.

Os combates seguem intensos em torno de Andan e Khan al-Asal, na zona rural de Aleppo, enquanto militantes do HTS tentam estabelecer uma nova frente de combate na região de Idlib.

Antes dos acontecimentos de quarta-feira (27), cidades como Idlib e partes de Aleppo, Hama e Latakia, na região nordeste na síria, eram parte do último território controlado pelo grupo HTS. Nos últimos meses, a população síria reconquistou por conta própria uma parte desses territórios, incluindo campos de exploração de petróleo anteriormente sob o controle dos EUA.

O HTS, liderado por Mohammad al Bashir, justificou os ataques às forças sírias como uma resposta a um suposto ‘bombardeio de civis’ atribuído aos sírios.

Desde 2020, confrontos de tal magnitude não ocorriam na Síria, quando Rússia, aliada dos sírios, e Turquia, aliada dos grupos pró-imperialistas, chegaram a um acordo de cessar-fogo, o que pausou a guerra civil, que começara durante a Primavera Árabe, em 2011.

Durante o período entre 2011 e 2020, muitos países e grupos se aliaram a um dos lados do conflito. Ao lado da Síria, além da Rússia, destaca-se também a ajuda militar e de inteligência do Irã, além da participação do Hesbolá, em cidades como Nubl e Zahra, por exemplo – ambas parecem ter sido alguns dos objetivos do HTS.

Por parte do imperialismo, além da Turquia, os próprios Estados Unidos invadiram o país árabe, sob o pretexto de combater o Estado Islâmico.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou que o ressurgimento do terrorismo no norte da Síria é fruto de um projeto americano-sionista, destacando que esse desenvolvimento ocorreu após as derrotas do regime israelense contra a resistência no Líbano e nos territórios palestinos.

Nas redes sociais, muitos questionaram o fato de a ofensiva na Síria por parte do imperialismo ter ocorrido exatamente no mesmo dia em que o cessar-fogo entre o regime de ‘Israel’ e o Hesbolá foi alcançado.

Além disso, muitos questionaram qual é a verdadeira face do governo de Erdogan na Turquia, já que, recentemente, o governo turco cortou todas as relações com ‘Israel’. No entanto, surgem denúncias de venda de energia para ‘Israel’ por meios indiretos.

Já pela imprensa internacional da burguesia, é evidente a diferença de tratamento entre os HTS, ligado à Al-Qaeda, e todos os grupos do Eixo da Resistência. Os HTS são chamados de ‘rebeldes’ ou ‘jihadistas’, enquanto os militantes de grupos de libertação na região são classificados como ‘terroristas’.

Destaca-se também o fato de a imprensa burguesa difundir a ideia de que a Rússia e a Síria bombardeiam civis indiscriminadamente, sem qualquer comprovação, enquanto silencia o genocídio de ‘Israel’ contra os palestinos. Há também muitas denúncias sobre o envolvimento ucraniano na Síria, ao lado do imperialismo. Segundo Scott Ritter, analista norte-americano:

“A ofensiva contra Aleppo, iniciada por islamistas aliados à Turquia do Hayat Tahrir al-Sham (uma reconfiguração da Al-Qaeda, alinhada ao ISIS) e pelo Exército Nacional Sírio, apoiado pelos EUA, é consequência de um plano estratégico entre Israel e Turquia, com suporte americano. O objetivo é cortar a rota de suprimentos do Irã para o Líbano, usada pelo Hezbollah, além de ameaçar desestabilizar ou derrubar o governo de Assad, forçando a Rússia a desviar recursos da Ucrânia para manter sua posição na Síria. A Ucrânia forneceu conselheiros para treinar os militantes anti-Assad em guerra com drones, enquanto Israel teria expandido seu esquema de sabotagem eletrônica para desorganizar o comando tático sírio em um momento crítico dos combates.”

Também começou a circular no X um áudio de um militante do HTS, em que o suposto militante diz ao Canal 1 de ‘Israel’ que agradece pela ajuda do regime sionista ao bombardear o Eixo da Resistência e, em especial, o Hesbolá.

Surgiram denúncias de mais pagers e celulares que explodiram no meio do exército da Síria, o que é compatível com as explosões no meio de militantes do Hesbolá, pouco antes da ofensiva israelense contra a população do Líbano.

Por fim, circula um vídeo no qual é possível ver dinheiro turco tomado dos bolsos de militantes do HTS abatidos.

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