Israel realizou, neste domingo (2), uma grande operação militar no norte da Cisjordânia ocupada e destruiu vários edifícios, informou o exército, dizendo que havia matado mais de 50 “terroristas” no território desde 14 de janeiro.
No mês passado, o exército israelense lançou uma grande ofensiva na Cisjordânia, chamada de “Muro de Ferro”, com o objetivo de expulsar os grupos armados palestinos Hamas e Jihad Islâmica da área de Jenin.
A operação começou em 21 de janeiro, dois dias após a entrada em vigor de um cessar-fogo na Faixa de Gaza. “As forças eliminaram mais de 35 terroristas e prenderam mais de 100 pessoas procuradas”, disse o exército em um comunicado. “Em uma ação anterior, mais de 15 terroristas foram eliminados em um bombardeio”, acrescentou.
Um porta-voz do exército disse à AFP que o número total de mortos abrange as operações desde 14 de janeiro. Na tarde deste domingo, a cidade de Jenin e um campo de refugiados próximo foram abalados por várias explosões que causaram uma fumaça escura, observaram os jornalistas da AFP.
“No âmbito da operação antiterrorista […], o exército israelense destruiu recentemente vários prédios em Jenin que eram usados como infraestruturas terroristas”, disseram as forças armadas.
De acordo com a agência de notícias oficial palestina Wafa, 20 prédios foram destruídos “após a instalação de explosivos”.
Algumas instalações do hospital de Jenin foram danificadas, disse Wisam Bakar, seu diretor, à Wafa, que não relatou vítimas.
Erradicar os “lacaios do Irã”
O exército israelense disse que a operação começou na madrugada deste domingo em Tamun, um vilarejo na província de Tubas, no norte da Cisjordânia, que vem sendo abalado pela violência há dias. De lá, a operação se estendeu a cinco outras cidades.
Nelas, os soldados distribuíram panfletos escritos em árabe, explicando que a operação visa “erradicar os criminosos armados, os lacaios do Irã”. O Hamas e a Jihad Islâmica são grupos aliados ao Irã, e Israel acusa a República Islâmica de financiar suas atividades na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada.
De acordo com testemunhas, Israel enviou tropas para as proximidades de Tubas e Tamun. Além disso, o exército está bloqueando as saídas do campo de refugiados de Faraa, a sudeste de Jenin, onde invadiu várias casas, verificou um jornalista da AFP.
O Ministério da Saúde palestino informou neste domingo a morte de dois palestinos por fogo israelense: um homem de 73 anos no campo de Jenin, a nordeste de Tubas, e outro de 27 anos em um campo de refugiados no sul da Cisjordânia, perto de Hebron.
Também foram registrados confrontos no dia anterior na área de Jenin, resultando em cinco mortes, incluindo um garoto de 16 anos, de acordo com ministério.
A violência na Cisjordânia aumentou desde o início da guerra na Faixa de Gaza em outubro de 2023. Desde então, as forças militares israelenses e os colonos mataram quase 900 palestinos na Cisjordânia, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.
Pelo menos 30 israelenses, incluindo vários soldados, foram mortos em ataques palestinos ou durante operações na Cisjordânia no mesmo período, de acordo com dados oficiais israelenses.
Autoridade Palestina condena ataques
O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina condenou neste domingo a destruição “brutal” de edifícios no norte da Cisjordânia ocupada, provocada por uma operação militar israelense, especialmente na cidade de Jenin, reduto de grupos armados palestinos.
Em comunicado, o ministério condenou “os atentados com bomba cometidos pelas forças de ocupação israelenses”, em particular a decisão de “destruir grandes bairros do campo de refugiados de Jenin, em uma cena brutal que reflete a magnitude de algumas destruições sofridas pela Faixa de Gaza”.