Profissionais de saúde usam jaleco com símbolo do SUS. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O SUS (Sistema Único de Saúde) se tornou um exemplo de saúde pública no Reino Unido por ter mostrado uma capacidade ímpar de atender a uma população grande e diversa com acesso universal e gratuito a serviços de saúde. A médica brasileira Maitê Gadelha notou a importância do programa ao fazer mestrado em Saúde Pública na Universidade de Edimburgo, na Escócia.

“Minha ideia era vir para o Reino Unido e aprender mais sobre o sistema de saúde do país, para depois voltar ao Brasil com essa bagagem de conhecimento e aplicar os aprendizados na nossa realidade. Me surpreendi ao ver o Brasil e o SUS como exemplos de saúde pública na universidade na Escócia. Isso foi algo que me orgulhou muito”, contou à BBC.

Durante sua estadia no Reino Unido, ela se surpreendeu ao ver que o sistema de saúde brasileiro era frequentemente citado como modelo a ser seguido, especialmente em discussões acadêmicas e de políticas públicas. Natural de Belém (PA), Gadelha tem uma longa trajetória de trabalho no Brasil, tendo atuado em clínicas itinerantes, atendendo comunidades ribeirinhas e quilombolas.

Ela estuda o sistema de saúde britânico e tenta aplicar esse conhecimento na realidade brasileira. No entanto, o que ela não esperava era o reconhecimento internacional do SUS como um exemplo de sucesso, o que a deixou extremamente orgulhosa.

Segundo Gadelha, o SUS se destaca principalmente pela Estratégia Saúde da Família (ESF), que tem como base o trabalho de agentes comunitários de saúde que visitam as casas das famílias para monitorar doenças e melhorar o bem-estar da comunidade.

Essa abordagem tem sido amplamente replicada em outros países, inclusive no Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), e a médica vê o modelo brasileiro como pioneiro na implementação de programas de saúde comunitária e atenção básica.

Ela acredita que o Brasil tem muito a ensinar ao mundo no que diz respeito à utilização de agentes comunitários de saúde e ao envolvimento das comunidades no processo de cuidado.

A médica brasileira Maitê Gadelha (29) faz mestrado em Saúde Pública na Universidade de Edimburgo, na Escócia. Foto: Reprodução

Gadelha ressaltou a universalidade do SUS, que garante acesso à saúde não apenas para cidadãos brasileiros, mas também para estrangeiros, independentemente de sua situação migratória. Esse modelo de acesso universal à saúde é um dos principais diferenciais do SUS, algo que outros países ainda estão buscando implementar.

A médica também destacou o modelo de financiamento do SUS, que permite que os serviços sejam prestados sem custos diretos para a população, o que reduz o risco de catástrofes financeiras em famílias que necessitam de tratamento médico.

Outro aspecto positivo do sistema, segundo ela, é o modelo de parcerias público-privadas, uma estratégia que está sendo adotada também pelo NHS para otimizar os serviços de saúde e reduzir as filas de espera. A brasileira aponta que o país tem se destacado em implementar essas parcerias de maneira eficaz, o que contribui para melhorar o acesso e a qualidade do atendimento.

Além disso, a médica acredita que o sistema brasileiro é mais eficaz na identificação e no entendimento das causas subjacentes de problemas de saúde, como doenças crônicas, que muitas vezes são influenciadas por fatores sociais e ambientais.

A médica também destacou a importância de a promoção da saúde ser uma responsabilidade compartilhada entre diversas áreas do governo, como a assistência social e a educação. Ela argumenta que o SUS já entende a saúde de forma multifatorial, integrando diversas políticas públicas para melhorar a qualidade de vida da população.

Em sua visão, o Brasil tem um grande potencial para ser um líder global na promoção da saúde, não apenas pela excelência de seu sistema, mas também pela forma como integra diferentes áreas do governo e da sociedade civil na busca por soluções para os desafios de saúde pública.

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Last Update: 01/07/2025