O ex-presidente peruano Ollanta Humala se inspira em Lula para enfrentar a Lava Jato peruana. Fotomontagem

O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, condenado por lavagem de dinheiro, disse a seu advogado que preferia provar sua inocência atrás das grades, seguindo o exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em vez de solicitar asilo diplomático ao Brasil.

A informação foi repassada por Marco Aurélio de Carvalho, advogado de Nadine Heredia, ex-primeira-dama peruana, que obteve asilo diplomático concedido pelo governo Lula. Ela desembarcou no Brasil na quarta-feira (16), trazida em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Assim como Humala, Nadine foi condenada a 15 anos de prisão por ter recebido doações ilegais da Odebrecht e do regime venezuelano para financiar as campanhas presidenciais de 2006 e 2011.

Segundo Carvalho, Heredia é alvo de perseguição política. “A acusação não tem base em provas, apenas na palavra de um delator que está sendo contestado no próprio Peru”, afirmou.

O caso de Heredia se soma a outros escândalos de corrupção envolvendo ex-presidentes peruanos. Pedro Pablo Kuczynski segue sob investigação, Alejandro Toledo foi condenado em 2024 a mais de 20 anos de prisão, e Alan Garcia cometeu suicídio em 2019, após ter um pedido de asilo negado pelo Uruguai.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas

A decisão de conceder asilo à ex-primeira-dama gerou críticas da oposição no Brasil. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comentou nas redes sociais: “Asilo para condenada por corrupção na Lava Jato. Uso de avião da FAB por quem lavou e desviou dinheiro”.

Embora o Brasil e o Peru sejam signatários da Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, o texto impede a concessão de asilo a pessoas condenadas por crimes comuns. Ainda assim, Heredia entregou um pedido de refúgio à Polícia Federal, com o objetivo de facilitar a regularização de sua vida e a do filho de 15 anos no Brasil — o que inclui matrícula escolar e acesso a documentos.

Apesar de o asilo diplomático ter sido concedido rapidamente, o processo de refúgio pode levar anos. Em média, os pedidos são analisados em cerca de três anos, segundo o Ministério da Justiça. Em 2024, foram mais de 68 mil solicitações, segundo dados do Observatório das Migrações Internacionais (ObMigra).

A chave para a concessão do asilo a Heredia foi a decisão da presidente do Peru, Dina Boluarte, que concedeu salvo-conduto em poucas horas, permitindo sua saída do país. Esse tipo de autorização nem sempre é dado — no caso do senador boliviano Roger Pinto, por exemplo, ele ficou 453 dias na embaixada brasileira antes de sair do país clandestinamente, após o governo Evo Morales negar o salvo-conduto.

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Last Update: 19/04/2025