A executiva nacional do PSDB deu aval, nesta terça-feira 29, ao processo de fusão partidária com o Podemos, atualmente sob o comando da deputada federal Renata Abreu (SP). O encontro ocorreu a portas fechadas e a aliança foi aprovada por unanimidade. O governador Eduardo Leite (RS) participou de forma virtual.
O gaúcho endossou a união, mas sua permanência na sigla é incerta. Aliados afirmam que Leite mantém conversas avançadas com o PSD de Gilberto Kassab, de olho na corrida pelo Palácio do Planalto em 2026.
Uma convenção nacional dos tucanos, prevista para 5 de junho, deve ratificar a aliança.
Depois disso, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral decidir se aprova ou não a fusão. Arestas regionais serão aparadas em maio pelas cúpulas dos dois partidos. Essa tarefa ficará sob responsabilidade de uma comissão formada por dirigentes das duas siglas. As decisões levarão em conta pesquisas qualitativas e assembleias internas.
A princípio, a nova agremiação se chamará #PSDB+Podemos e será presidida em formato de rodízio. Internamente, ainda se discute se a melhor alternativa seria a fusão ou uma incorporação partidária.
A fusão ocorre quando dois ou mais partidos decidem se unir para formar uma nova sigla, com um novo nome, um novo estatuto e uma nova estrutura. A incorporação, por sua vez, acontece quando um partido é absorvido por outro já existente. A sigla incorporada deixa de existir, e seus filiados, sua estrutura e seus recursos passam a integrar a legenda que a incorporou.
Na avaliação dos tucanos, seria isso que aconteceria com o Podemos, cuja representação no Congresso Nacional é de 15 deputados e quatro senadores – o PSDB tem 16 deputados e três senadores. Integrantes do partido chefiado por Abreu, porém, têm visão oposta e ponderam que a legenda é maior que o ninho tucano — por isso, lideraria uma eventual incorporação.
Embora tenha sua história entrelaçada com a redemocratização do Brasil, o PSDB não tem conseguido empolgar os eleitores. Em 2022, por exemplo, perdeu nas urnas o histórico domínio sobre São Paulo.
O ano passado marcou o auge da crise tucana, com o pior desempenho eleitoral de sua história: o partido não elegeu prefeito em nenhuma capital. Aposta do PSDB na capital paulista, o apresentador José Luiz Datena perdeu fôlego e recebeu apenas 1,8% dos votos, ficando em quinto lugar na disputa.
No mais recente capítulo desse encolhimento, a sigla perdeu a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (hoje no PSD), sua vice e os 32 prefeitos e prefeitas que tinha no estado. Agora, corre o risco de perder, além de Leite (RS), o governador Eduardo Riedel (MS).
Em nota à reportagem, a presidente do Podemos, Renata Abreu, afirmou que a decisão da executiva do PSDB fortalece a busca de uma “alternativa que una forças comprometidas com o centro democrático, a estabilidade institucional e o desenvolvimento sustentável” do País.