O laudo pericial produzido pela Polícia Federal na tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro (PL), utilizada pelo ex-presidente durante a prisão domiciliar, aponta que os danos ao material decorreram de “execução grosseira”, sugerindo que a ferramenta de solda foi empregada “sem precisão técnica”. O documento foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira 17.
“O aspecto físico e as análises realizadas sugerem que na tornozeleira eletrônica foi empregada uma fonte de calor concentrado com ferro em sua composição. Testes realizados com ferro de solda na superfície do material questionado exibiram aspectos compatíveis com os danos verificados”, registra o documento.
De acordo com os peritos do Instituto Nacional de Criminalística, esse tipo de intervenção é suficiente para acionar sensores de integridade e gerar alerta no sistema oficial de monitoramento.
A tentativa de romper o equipamento, em novembro, foi um dos motivos pelos quais Moraes determinou a prisão preventiva de Bolsonaro. Em audiência de custódia, o ex-presidente afirmou que tentou abrir a tornozeleira após um episódio de “paranoia” e “alucinação” devido ao uso combinado de remédios.
Ainda segundo o documento, a tornozeleira apresentou deformações, fusão do material plástico e rompimento da capa protetora em diferentes pontos, inclusive com abertura suficiente para expor componentes internos. As regiões mais danificadas ficam na porção inferior e em uma das laterais do equipamento, o que indica aplicação reiterada de calor em pontos distintos.
O laudo destaca que os danos não foram provocados por acidente ou desgaste natural. “As características são compatíveis com o emprego de objeto sob aquecimento pontual”. As marcas analisadas indicam tentativa deliberada de violação do equipamento, embora os peritos ressaltem no documento que os testes realizados tiveram caráter comparativo e foram limitados para preservar os circuitos internos. Veja fotos:
