Eurípedes Júnior, ex-presidente do Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e ex-dirigente do Solidariedade, foi denunciado pelo Ministério Público Eleitoral por crimes como organização criminosa, apropriação indébita, furto qualificado mediante fraude de recursos do fundo partidário, falsidade ideológica eleitoral, e peculato eleitoral por desvio e apropriação de recursos.
O político está preso preventivamente há duas semanas. Segundo as investigações, ele teria utilizado empresas de fachada para desviar R$ 36 milhões do fundo partidário. Entre as firmas suspeitas de envolvimento nos crimes estão consultorias, agência de viagens e até uma autoescola.
De acordo com a Polícia Federal (PF), apenas duas das oito empresas investigadas apresentaram atividade empresarial efetiva, mas com indícios de lavagem de dinheiro. As demais empresas nunca produziram ou circularam bens ou serviços, não possuíam funcionários registrados e muitas vezes tinham o mesmo endereço ou a residência do líder da organização como sede.
Os investigadores mencionam também uma empresa de marketing que teria recebido cerca de R$ 1 milhão do PROS, sem apresentar “capacidade operacional” para o serviço contratado.
Além disso, Júnior teria utilizado recursos do fundo partidário para financiar viagens internacionais com familiares a destinos como Dubai, França, Punta Cana, Miami, Orlando, México e Itália, além de um cruzeiro marítimo.
As investigações revelaram que Júnior teria esvaziado as contas do PROS na ocasião de sua destituição, transferindo valores para uma fundação onde ele e outros parentes tinham poderes de gestão. Uma transferência de R$ 100 mil foi realizada em favor de uma empresa de turismo, com a descrição de nota crédito para viagens nacionais e internacionais, locação de carro, hospedagem, entre outros serviços.
No período da investigação, iniciado em 2017, a PF observou um intenso fluxo migratório de Júnior, com pagamentos de despesas que incluíam passagens aéreas e hospedagens. Viagens a Miami e Orlando, com escalas prolongadas no Panamá, considerado paraíso fiscal, indicaram a necessidade de aprofundar a investigação.
O inquérito aponta que, quatro dias antes de deixar o PROS, Júnior teria determinado o “desmonte” da sede do partido, retirando equipamentos avaliados em mais de R$ 15 milhões. Dez veículos, um helicóptero, aparelhos de ar-condicionado, computadores, sistema de energia solar e diversos móveis também foram retirados do local.
Em nota, o Solidariedade afirmou que “os fatos investigados no inquérito que atingiu os ex-dirigentes do partido PROS são anteriores à incorporação do antigo Partido PROS pelo Solidariedade.”