
O ex-policial militar do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Ronny Pessanha de Oliveira, de 33 anos, cobrava até R$ 1.500 por hora para treinar chefes do tráfico no Rio, segundo a Polícia Civil. Os treinos incluíam exercícios físicos e instruções de tiro ao alvo, conforme revelado pelo RJ2, da TV Globo.
As investigações da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) apontam que Ronny atuava em parceria com o Comando Vermelho (CV) e teria ingressado no crime após participar de extorsões e grilagem de terrenos na Zona Oeste do Rio, crimes pelos quais o deixam na prisão desde o início de 2024. Os fatos fazem parte da Operação Contenção, que busca desarticular quadrilhas em disputa por territórios na região.
“Ele inicialmente ingressa na milícia da Zona Oeste, nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema, no sentido de fazer extorsão e grilagem de terrenos”, afirmou Jefferson Teixeira, titular da DRF, em entrevista ao RJ2. “Temos informações de que cada treinamento de uma hora gira em torno de R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por hora”, completou.
Os investigadores encontraram mensagens e áudios nos quais Ronny detalhava sessões de treinamento com traficantes como William Sousa Guedes, o Corolla, preso em 2023, e Manoel Cinquine Pereira, o Paulista, líder do tráfico no Complexo da Penha e atualmente foragido.
Em um dos áudios, o ex-Bope reclama do cansaço após um treino com Corolla, que apareceu em vídeos da polícia correndo em esteira, usando colete à prova de balas e portando fuzis.
“Hoje fui na casa do Corolla. Porr*, cheguei lá em cima (do morro) morto, cara, morto. Isso não pode acontecer, não. Vai que preciso incursionar, fazer algum bagulho, eu vou morrer. Sou referência nessa questão de combate”, dizia.

Passado criminoso e prisões anteriores
Em março de 2024, Ronny foi preso durante uma abordagem do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), na Estrada do Itanhangá, Barra da Tijuca. Em 2021, o Ministério Público do Rio já o acusava de cobrar taxas ilegais de construtores em favelas. Antes disso, ele havia passado pouco mais de um ano na cadeia.
Na última prisão, em flagrante por porte ilegal de arma, o ex-policial, conhecido como Caveira ou Neguinho do Bope, pagou R$ 8 mil de fiança e foi liberado. A arma foi encontrada dentro de seu carro, uma Mercedes-Benz avaliada em R$ 220 mil, junto a uma identidade falsa de policial militar.
A Polícia Civil afirma que Ronny treinava traficantes do Comando Vermelho para auxiliar a facção em invasões a territórios de milícias e facções rivais.
O Ministério Público o acusa de ser aliado de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos chefes da milícia de Rio das Pedras. Ronny também usava sua influência para organizar eventos, como shows e festas, na favela.
Expulso da PM em setembro de 2023, Ronny já havia servido no 9º BPM (Rocha Miranda), no Bope e no 41º BPM (Irajá). O MP o aponta ainda como dono de um dos prédios demolidos durante operação na Muzema, em 2021.