Ex-ministro das Comunicações do governo Lula, o deputado federal Juscelino Filho (União Brasil-MA) foi um dos 315 parlamentares que votaram a favor da suspensão do processo contra o também deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), um dos acusados de envolvimento na trama golpista do bolsonarismo denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

A votação de quarta-feira 7 aconteceu em uma data emblemática para Juscelino: mais cedo, no mesmo dia, uma cerimônia de posse marcou a transição do cargo de ministro das Comunicações: Frederico Siqueira, indicado pelo próprio União Brasil, foi apresentado para assumir o cargo – que ele já ocupava formalmente desde 24 de abril.

“Desejo boa sorte ao Frederico, nosso novo ministro, que seguirá, a partir de agora, neste grande desafio. Sem dúvida alguma, sua escolha foi muito acertada, pois ele é um dos profissionais mais preparados e capacitados para enfrentar essa missão”, disse Juscelino, que participou da cerimônia e foi muito elogiado pelos presentes.

Juscelino Filho pediu demissão em 8 de abril, depois de ser denunciado pela PGR em um suposto esquema de desvio de verbas parlamentares. Ele disse que estava deixando o cargo em ‘um gesto de respeito ao governo e ao povo brasileiro’ para se dedicar à sua defesa.

Câmara ‘salva’ Ramagem

A votação de quarta-feira aconteceu depois que o PL, partido oficial do bolsonarismo, protocolou pedido para que a Câmara interrompesse as investigações contra Ramagem, baseada em uma Emenda Constitucional que prevê a suspensão de ações em andamento contra parlamentares por crimes cometidos após a diplomação.

Foram 315 votos favoráveis e 143 contrários – uma margem confortável, 58 votos acima dos 257 necessários para aprovação da manobra. O PL trabalha para que a medida beneficie também o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A proposta, porém, deverá enfrentar resistência do Supremo Tribunal Federal (STF), já que parte dos crimes pelos quais Ramagem é denunciado aconteceram antes de ele ter sido eleito. O hoje deputado foi chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entre 2019 e 2022, durante a presidência de Bolsonaro.

Para a PGR, ele teve papel importante “na construção e no direcionamento das mensagens que passaram a ser difundidas em larga escala pelo então presidente da República a partir do dia 29.7.2021”. Ele foi eleito deputado e diplomado no ano seguinte.

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Last Update: 08/05/2025