O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques — aquele acusado pela Procuradoria-Geral da República de envolvimento em uma suposta “trama golpista” — aparentemente agiu para apagar os rastros do planejamento que fez na tentativa de retirar votos de Lula na disputa de segundo turno contra Jair Bolsonaro, nas eleições de 2022.
Segundo informações do blog da jornalista Malu Gaspar, em O Globo, Vasques organizou reunião presencial para planejar operações da PRF que atrapalharam o transporte de eleitores justamente nas áreas onde Lula tinha mais apoio no segundo turno.
Para garantir que o encontro ficasse no sigilo, Vasques mandou recolher relógios e celulares, para que nenhuma gravação da reunião fosse feita. Na ata oficial do encontro, obtida pela coluna via Lei de Acesso à Informação, não informações sobre os bloqueios planejados. Curiosamente, a ata fala somente de temas triviais — como treinamento físico e escalas de serviço.
Segundo a apuração, 44 dos 49 figurões da PRF participaram do evento em clima de sigilo total. Alguns não concordaram com os bloqueios, mas a maioria anuiu com a ideia de Silvinei Vasques, e os dissidentes se comprometeram a não criticar ou comentar o plano publicamente, aponta a coluna. Apesar de não haver documentos transparentes sobre o plano, O Globo ouviu testemunhas que confirmaram o que realmente aconteceu na reunião.
Indiciado
Vasques foi indiciado por instrumentalizar a PRF para fins políticos, tentar suprimir votos de forma indireta e, supostamente, colaborar com uma tentativa de golpe institucional.
A principal acusação é que ele teria ordenado ou facilitado operações da PRF que dificultaram o transporte de eleitores, especialmente em regiões onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva tinha maior vantagem nas urnas — como no Nordeste. Essas operações teriam causado atrasos e bloqueios de ônibus e veículos, dificultando o acesso de eleitores aos locais de votação. Isso levantou sérias suspeitas de abuso de autoridade e uso indevido da máquina pública com viés político.
Além disso, Vasques também foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de participar de uma suposta articulação golpista mais ampla, que envolveria outras autoridades e tentativas de minar ou anular o resultado das eleições que elegeram Lula. O inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) aponta que ele teria atuado com intenção deliberada de favorecer o então presidente Jair Bolsonaro, violando a neutralidade e a legalidade exigidas de um servidor público em sua posição.
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