Ex-comandante de quartel agora é detido em local que já comandou

Walter Braga Netto. Foto: Divulgação

O general da reserva Carlos Eduardo Silva, preso neste sábado (14), ficará detido no quartel da 1ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro. A unidade militar, subordinada ao Comando Militar do Leste, foi chefiada por ele de 2016 a 2019. Durante parte desse período, o general também esteve à frente da intervenção federal no Rio de Janeiro. Sua prisão, que pegou o Exército de surpresa, gerou discussões internas sobre o local adequado para sua detenção.

A detenção de Silva, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL), foi uma ocorrência inédita. O Exército, que não possui registros de prisões de generais da patente de quatro estrelas, demorou cerca de três horas para decidir o local da custódia do general.

A prisão de um militar dessa patente e sua detenção em um quartel gerou desconforto dentro das forças armadas, já que as tradições militares preveem que o preso não deve ser superior hierarquicamente ao chefe do quartel onde está detido.

A 1ª Divisão de Exército, que agora abriga Silva, é comandada por um general de divisão, Eduardo Tavares Martins, de três estrelas. A prisão dele foi motivada por suspeitas de obstrução de Justiça. O general é acusado de tentar interferir nas investigações relacionadas à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Segundo a Polícia Federal (PF), Silva buscou obter informações sigilosas sobre o depoimento de Cid, o que teria prejudicado as investigações. Além disso, o coronel Flávio Peregrino, assessor próximo de Silva, também foi alvo de mandados de busca e apreensão.

A operação que levou à prisão de Silva foi solicitada pela PF e autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com o apoio da Procuradoria-Geral da República (PGR). A suspeita é que Silva e Peregrino tentaram manipular os depoimentos e prejudicar a livre produção de provas no processo.

Silva, ex-ministro de Bolsonaro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As investigações que envolvem Silva e Peregrino começaram a ganhar força em setembro de 2023, após a homologação do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid no STF. Durante seu depoimento, ele relatou que o ex-ministro da Defesa teria usado intermediários para acessar detalhes confidenciais de sua delação.

A PF também apreendeu um documento escrito à mão, encontrado na mesa de Peregrino, que continha pontos abordados pelo tenente-coronel em sua colaboração.

Além da prisão de Silva e das ações contra Peregrino, a Polícia Federal cumpre outros mandados de busca e apreensão relacionados ao caso. O objetivo, segundo a PF, é evitar que ações ilícitas como essas se repitam e garantir que a produção de provas no processo não seja comprometida.

A prisão de Walter Braga Netto, uma figura de destaque nas Forças Armadas e na política brasileira, tem repercutido intensamente. O caso está inserido em um contexto de investigações mais amplas sobre tentativas de obstrução das investigações em torno de atos golpistas, envolvendo membros do governo Bolsonaro e militares de alta patente.

A situação inédita e a detenção de um general de quatro estrelas, acompanhada da discussão sobre os protocolos militares e sua hierarquia, refletem a gravidade das acusações e a importância do caso para o futuro político e jurídico do Brasil.

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