O então presidente Jair Bolsonaro e o então comandante do Exército general Freire Gomes durante cerimônia militar em agosto de 2022. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveu uma reunião sobre a minuta golpista em 2022 e que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, ameaçou prendê-lo caso o plano fosse levado adiante. O brigadeiro é ouvido na condição de testemunha pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Freire Gomes é uma pessoa polida e educada, não falou com agressividade, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, calma, mas colocou exatamente isso. ‘Se fizer isso, vou ter que te prender’”, afirmou Baptista Júnior ao ser questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre o tema.

O brigadeiro já havia relatado que Freire Gomes deu voz de prisão em um depoimento à Polícia Federal. À corporação, ele ainda disse que deixou claro a Bolsonaro que “não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder”, mas que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, não tinha “uma postura de consenso” com os demais chefes das Forças Armadas.

Ele foi convocado para prestar depoimento tanto como testemunha de acusação da Procuradoria-Geral da República e como de defesa dos réus Bolsonaro, Garnier e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).

A defesa de Garnier questionou mais uma vez Baptista Júnior sobre a ameaça de prisão de Freire Gomes contra Bolsonaro e o brigadeiro confirmou novamente: 

“Repito aqui. O comandante do Exército é uma pessoa muito polida, muito calma e muito tranquila. Mas é muito firme quando precisa. Eu vi a repercussão do depoimento dele. Não é uma coisa simples você esquecer o comandante do Exército dizer uma possiblidade. A minha palavra eu mantenho: ele disse que, por hipótese, se ele atentasse, teria de prender ele. Eu mantenho isso”.

O brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Baptista Júnior ainda foi questionado se Bolsonaro tinha informações de que não houve fraude nas eleições de 2022 e confirmou que o então presidente teve conhecimento da lisura do sistema eleitoral por meio de um de seus ministros.

“Sim, [Bolsonaro foi informado] através do ministro da Defesa. Além de reuniões que eu falei, o ministro da Defesa que despachava sobre esse assunto”, prosseguiu.

O ex-comandante da Aeronáutica ainda foi perguntado sobre um relatório que confirmava a confiabilidade das urnas e se Bolsonaro teria tentado barrar a divulgação do documento. “Sim. O relatório foi entregue. Eu ouvi que sim [pressionou pelo adiamento da divulgação], certamente outras testemunhas poderão dar isso com mais precisão”, respondeu.

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Last Update: 21/05/2025