A Polícia Federal está prestes a intimar José Tostes, ex-secretário da Receita Federal durante a gestão de Jair Bolsonaro, para depor em relação à investigação sobre o caso das “rachadinhas” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro. Tostes foi mencionado em uma gravação feita por Alexandre Ramagem, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em que Bolsonaro discute estratégias para defender seu filho.
Na gravação, o ex-presidente menciona a possibilidade de consultar Tostes, chamando-o de “um cara muito bom”. Investigadores consideram grave a participação de Bolsonaro na reunião, principalmente considerando as menções de usar o cargo para influenciar altos funcionários do governo em favor do primogênito.
Recentemente, foi revelado que as advogadas de Flávio Bolsonaro estiveram duas vezes com José Tostes logo após a referida reunião, seguidas de mais dois encontros registrados entre Tostes e Bolsonaro. A Polícia Federal suspeita que essas reuniões possam ter influenciado a abertura de uma sindicância interna na Receita Federal contra os auditores que investigavam as atividades do senado.
Ouça a reunião completa:
➡️ Moraes libera áudio de reunião com Bolsonaro gravada por Ramagem. Ouça
O áudio faz parte de investigação do monitoramento ilegal de pessoas e autoridades públicas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) pic.twitter.com/p7944QwjUY
— Metrópoles (@Metropoles) July 15, 2024
Além de Tostes, a PF também planeja intimar Gustavo Canuto, ex-chefe da Dataprev, mencionado na gravação como um possível meio de acessar informações adicionais sobre Flávio. As advogadas do filho do ex-presidente sugerem na gravação que o Serpro poderia verificar se houve acesso ilegal aos dados do senador por parte dos auditores da Receita.
“Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá”, disse a advogada Luciana Pires no áudio.
“Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar gente de confiança dele. Se vazar [inaudível]”, afirmou o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI).
Em seguida, Bolsonaro disse: “Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém”.