O ex-chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, avaliou que o Brasil deve estar ‘alerta’ em relação à política migratória e de tarifas adotada pelo presidente Donald Trump, em seu novo mandato.
Em entrevista ao O Globo, o diplomata avaliou que Trump ‘se preparou’ para o segundo mandato e que elaborou um ‘programa assustador’ com uma visão sobre o papel dos Estados Unidos no mundo.
“Trump não é um boboca como Bolsonaro. Ele tem um plano elaborado”, declarou Nunes, que relembrou problemas que enfrentou com Trump, na época em que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores, no governo Michel Temer (MDB).
“Tivemos dois problemas. O primeiro foi a tarifa sobre aço e alumínio. Ele aumentou a tarifa, e tivemos de aguentar. O segundo problema foi sobre a migração. Houve brasileiros que estavam nos EUA ilegalmente e foram deportados. Separaram pais de filhos, foi um problema sério, uma situação muito delicada. Nosso consulado, principalmente em Boston, se desdobrou para minimizar os impactos dessa decisão”, declarou.
A análise do ex-chanceler é a de que o Brasil enfrentará problemas com a política de migração, dada a numerosa comunidade brasileira presente nos Estados Unidos. “Ele [Trump] terá de transformar os Estados Unidos em um estado policial para descobrir onde estão os ilegais”, avaliou. O chefe de políticas migratórias do novo governo Trump, Tom Homan, anunciou que as prisões em massa de migrantes sem documentos começam a partir da terça-feira 21, e que será feita uma ‘varredura massiva’ em todo o País.
Ainda de acordo com Nunes, as tarifas também serão uma ‘arma de guerra’ para Trump. “Se Trump vira e fala pra Dinamarca “ou vocês me dão a Groenlândia ou eu aplico 100% de tarifas às importações”, a mesma coisa com México, Canadá, não se trata mais de uma regulação do comércio, é guerra”, avaliou.
“Hoje Trump tem mais consciência do poder dos EUA para dobrar outros países em função dos interesses americanos. O que ele diz sobre o Canal de Panamá, a Groenlândia, lembra um pouco Hitler falando sobre a necessidade de conquistar o leste [europeu]”, completou o chanceler.
