
O ex-chanceler da Colômbia, Álvaro Leyva, buscou apoio do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, para derrubar do poder o presidente colombiano Gustavo Petro, segundo revelou neste domingo (29) uma reportagem do jornal El País.
De acordo com áudios obtidos pelo periódico espanhol, Leyva tentou convencer o então secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a exercer uma “pressão internacional” contra Petro.
O ex-chanceler afirmou a interlocutores que o presidente era “um homem errático” e “viciado em drogas”, acusação que já havia feito publicamente e que Petro nega.
Leyva também sugeriu à Casa Branca e a congressistas da Flórida que o mandatário fosse retirado do cargo por meios “armados e não armados”. Os planos incluíam substituir Petro por sua vice, Francia Márquez, e envolveram contatos com figuras do Partido Republicano.
“Temos que tirar esse cara de lá. Ele não pode presidir as eleições [de 2026]. A ordem pública se acabou. Isso não pode acontecer”, diz Leyva em um dos áudios.
Segundo o jornal, as tentativas golpistas foram interceptadas pela inteligência colombiana e comunicadas ao presidente, que teria pedido explicações à vice-presidente. Além disso, o governo Trump não teria demonstrado disposição para embarcar na empreitada.
“Ato bárbaro”
O presidente Gustavo Petro reagiu com indignação à reportagem. “Fui vítima de insultos de Leyva”, declarou no X. O mandatário também classificou o plano como um “ato bárbaro e canalha de vingança”.
He decidido responder cartas y unos hechos que aquí muestra el periodista Español Quesada en el diario El País
Durante meses he sido víctima de la injuria del señor Leyva, y quise simplemente responder a lo que consideraba un acto de venganza bárbaro, canalla, de alguien que…
— Gustavo Petro (@petrogustavo) June 29, 2025
Leyva foi chanceler no início do governo Petro e era um dos aliados mais próximos do presidente, mas caiu após um escândalo envolvendo a contratação da empresa responsável pela emissão de passaportes colombianos.
Segundo o El País, Leyva também propôs que Petro deixasse o cargo voluntariamente como parte de “um grande acordo nacional” que incluiria líderes da esquerda, da direita e o governo dos EUA. Leyva atualmente vive em Madri, na Espanha.
Vice nega envolvimento
Francia Márquez, vice-presidente da Colômbia, se manifestou após a publicação da reportagem e negou qualquer envolvimento.
“Não existe a possibilidade de que eu tenha participado de conspirações”, afirmou. “Tenho a consciência tranquila, a mente clara e o coração firme. Respeito profundamente a ordem constitucional e, dentro dela, a figura do presidente da República como símbolo da união nacional.”
Segundo o jornal, Petro e Márquez estão afastados desde fevereiro, quando uma reunião ministerial pública expôs divergências internas no governo. O presidente teria solicitado que a vice emitisse um comunicado público negando participação no plano, o que ela teria se recusado a fazer.