O então chanceler da Colômbia, Álvaro Leyva, conversa com o presidente Gustavo Petro durante evento no Palácio de São Carlos, em Bogotá, em 2023. Foto: Juan Barreto/AFP

O ex-chanceler da Colômbia, Álvaro Leyva, buscou apoio do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, para derrubar do poder o presidente colombiano Gustavo Petro, segundo revelou neste domingo (29) uma reportagem do jornal El País.

De acordo com áudios obtidos pelo periódico espanhol, Leyva tentou convencer o então secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a exercer uma “pressão internacional” contra Petro.

O ex-chanceler afirmou a interlocutores que o presidente era “um homem errático” e “viciado em drogas”, acusação que já havia feito publicamente e que Petro nega.

Leyva também sugeriu à Casa Branca e a congressistas da Flórida que o mandatário fosse retirado do cargo por meios “armados e não armados”. Os planos incluíam substituir Petro por sua vice, Francia Márquez, e envolveram contatos com figuras do Partido Republicano.

“Temos que tirar esse cara de lá. Ele não pode presidir as eleições [de 2026]. A ordem pública se acabou. Isso não pode acontecer”, diz Leyva em um dos áudios.

Segundo o jornal, as tentativas golpistas foram interceptadas pela inteligência colombiana e comunicadas ao presidente, que teria pedido explicações à vice-presidente. Além disso, o governo Trump não teria demonstrado disposição para embarcar na empreitada.

“Ato bárbaro”

O presidente Gustavo Petro reagiu com indignação à reportagem. “Fui vítima de insultos de Leyva”, declarou no X. O mandatário também classificou o plano como um “ato bárbaro e canalha de vingança”.

Leyva foi chanceler no início do governo Petro e era um dos aliados mais próximos do presidente, mas caiu após um escândalo envolvendo a contratação da empresa responsável pela emissão de passaportes colombianos.

Segundo o El País, Leyva também propôs que Petro deixasse o cargo voluntariamente como parte de “um grande acordo nacional” que incluiria líderes da esquerda, da direita e o governo dos EUA. Leyva atualmente vive em Madri, na Espanha.

Vice nega envolvimento

Francia Márquez, vice-presidente da Colômbia, se manifestou após a publicação da reportagem e negou qualquer envolvimento.

“Não existe a possibilidade de que eu tenha participado de conspirações”, afirmou. “Tenho a consciência tranquila, a mente clara e o coração firme. Respeito profundamente a ordem constitucional e, dentro dela, a figura do presidente da República como símbolo da união nacional.”

Segundo o jornal, Petro e Márquez estão afastados desde fevereiro, quando uma reunião ministerial pública expôs divergências internas no governo. O presidente teria solicitado que a vice emitisse um comunicado público negando participação no plano, o que ela teria se recusado a fazer.

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Last Update: 30/06/2025