A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (12) voltou os holofotes para Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, ex-assessora de Arthur Lira durante sua gestão na presidência da Câmara dos Deputados e atual integrante da liderança do Progressistas (PP). Ela foi o principal alvo da ação, que apura supostas irregularidades na destinação de verbas de emendas parlamentares.
De acordo com os investigadores, Fialek teve participação direta nos processos de indicação dessas emendas enquanto ocupava o posto de assessora técnica da Presidência da Câmara, cargo para o qual foi nomeada por Lira em março de 2021. Ela permaneceu nessa função até meados de 2025, quando foi realocada para a liderança do PP, onde exerce um cargo de natureza especial com remuneração bruta de R$ 23,7 mil. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dependências da Câmara, incluindo uma sala originalmente destinada à Presidência da Casa, mas que, segundo registros internos, passou a ser utilizada por ela a partir de 2022 para despachos relacionados a emendas.
A trajetória de Fialek no serviço público antecede sua chegada ao Legislativo. Antes de trabalhar com Arthur Lira, ela ocupou posições estratégicas no Ministério do Desenvolvimento Regional — pasta responsável pela Codevasf — sob o comando de Rogério Marinho. Nesse período, foi nomeada e reconduzida diversas vezes a conselhos fiscais de empresas públicas, incluindo o BNDES Participações, a Codevasf e, posteriormente, a Caixa Econômica Federal, para a qual foi indicada no último ano de gestão de Lira na presidência da Câmara. Também integrou o Conselho Nacional da Amazônia Legal e o Conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, presidido pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Os policiais federais estiveram ainda em um ambiente localizado acima da sala da Comissão Mista do Orçamento, setor encarregado justamente da gestão das emendas parlamentares. Segundo relatos internos, Fialek despachava regularmente sobre esses temas no local.
A movimentação de Fialek no serviço público inclui passagens por cargos de confiança em governos anteriores, começando em 2016, quando foi nomeada Subchefe de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Governo durante a gestão Michel Temer. Ao longo dos anos seguintes, acumulou nomeações e exonerações em funções de alto nível, especialmente relacionadas a articulação institucional e conselhos fiscalizatórios.
Em 2025, após uma série de nomeações e exonerações registradas na Casa, sua saída do gabinete da Presidência da Câmara foi definitiva, e ela foi oficialmente lotada na liderança do PP, onde permanece atualmente. Até a última atualização desta reportagem, não houve comentário da própria Mariângela. A assessoria de Arthur Lira declarou que ela não integra mais sua equipe.