A advogada Ana Luiza Silva, que defendeu o senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas, rebateu o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que sugeriu que ela poderia propor estratégias ilegais para a defesa do ex-presidente, justificando sua gravação da reunião. O encontro, que se tornou objeto de controvérsia, foi mencionada por Ramagem em depoimento recente à Polícia Federal, conforme revelou a colunista Bela Megale.
Segundo Ramagem, o encontro foi registrado em áudio para proteger o então presidente de possíveis ilegalidades sugeridas pela defesa de Flávio Bolsonaro. Na época, além de Ana Luiza, a equipe de defesa do senador incluía Luciana Pires, ex-sócia de Silva, e Frederick Wassef, embora este último não estivesse presente na ocasião.
“Eu não tinha nada para fazer naquela reunião a não ser apresentar a minha investigação a respeito da Receita Federal. Estou bastante curiosa para descobrir quais são as propostas ilícitas que o Ramagem esperava ouvir na reunião. Ele deveria dizer publicamente de quem viriam, e quais seriam”, afirmou Ana Luiza ao jornal O Globo.
Ramagem, ao falar publicamente sobre o episódio pela primeira vez em um vídeo publicado na segunda-feira (15), afirmou que fez a gravação com o aval de Bolsonaro. A motivação teria sido a preocupação de que uma pessoa supostamente ligada a Wilson Witzel, desafeto do então presidente, pudesse apresentar uma “proposta nada republicana” para livrar Flávio das investigações das “rachadinhas”.
“Jamais tive qualquer contato nem com Wilson Witzel, nem com nenhum dos governadores do Rio”, disse Ana Luiza, inclusive em entrevista ao canal do DCM no YouTube.
O foco das preocupações de Ramagem, conforme revelou o depoimento, não estava em Ana Luiza, mas em Luciana Pires. Luciana, que atuava na defesa de Flávio no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, estava em conflito com Wassef, que cuidava da representação do senador em Brasília. Ramagem afirmou que o “alerta” que o levou a ligar o gravador partiu de Wassef.
“Eu não sabia que não tinha uma mensagem transmitida pelo Witsel. Eu não era comunicada de coisa nenhuma, a minha parte na defesa era fazer apenas a parte técnica do que estávamos fazendo. Eu não tinha participação em nenhum tipo de encontro com governador ou nenhum jogo de relação institucional”, disse durante a entrevista com Kiko Nogueira e Pedro Zambarda. Veja a entrevista completa: