O ex-presidente boliviano Evo Morales convocou, nesta segunda-feira 26, seus seguidores para um congresso partidário com o objetivo de definir uma estratégia contra o governo que, segundo ele, tenta inabilitá-lo para as eleições presidenciais de 2025, apesar de a Justiça Eleitoral ter invalidado antecipadamente a reunião.
Este influente líder indígena desafiou abertamente o governo e o Poder Eleitoral, aos quais acusa de confabularem para impedi-lo de ser candidato pelo Movimento Ao Socialismo (MAS), profundamente dividido pela disputa entre ele e o presidente Luis Arce.
Ficou decidido “levar adiante nosso Congresso Nacional neste 3 de setembro, com ou sem supervisão do Tribunal Supremo Eleitoral”, escreveu Morales em sua conta na rede X.
Além de definir os próximos passos em relação ao governo, na reunião convocada para a cidade de Cochabamba (centro) – reduto político de Morales – deve ser nomeada uma diretoria para a próxima campanha eleitoral.
Embora esteja impedido por uma decisão constitucional de participar das eleições, o ex-presidente (2006-2019) não dá o braço a torcer e busca reverter a decisão, inclusive apelando à pressão popular.
Portanto, Morales espera que o congresso que convocou hoje dê lugar a estratégias para enfrentar o governo de Arce, que é apoiado por um ala do MAS e ainda não anunciou se pretende concorrer à reeleição.
“Este Congresso de unidade do MAS-IPSP nos permitirá tomar decisões para salvar a Bolívia da profunda crise econômica e institucional à qual o governo nos levou”, disse Morales.
Na semana passada, a Justiça Eleitoral rejeitou supervisionar essa reunião, argumentando que não cumpriu com os requisitos legais.
Como resultado, Morales advertiu na rede X que seus apoiadores querem “assumir medidas de pressão diante de tanta injustiça”.
“Estamos como bombeiros evitando que ocorram protestos, no entanto, se nossa militância tomar medidas de pressão, isso será responsabilidade do governo” bem como do tribunal eleitoral, acrescentou o ex-presidente.
A disputa entre Morales e Arce pela liderança do MAS chegou ao ponto de maior tensão em junho, quando o presidente denunciou uma tentativa de golpe militar, o que o ex-presidente classificou de “autogolpe” fracassado para melhorar sua imagem.