A Bolívia entra em ebulição política mais uma vez a partir da meia-noite desta quarta-feira (4), quando movimentos sociais organizados em todo o país darão início a uma greve geral com bloqueios de rodovias e uma mobilização nacional em La Paz, exigindo a renúncia imediata do presidente entreguista Luis Arce e de seu vice, David Choquehuanca. A convocação à mobilização foi feita pelo ex-presidente e principal líder popular Evo Morales, fundador do movimento Evo Pueblo, em resposta direta à incapacidade do governo de gerir a crise econômica e à repressão brutal das manifestações populares.

Segundo Morales, Arce não apenas afundou o país na miséria como também tenta agora calar o povo com gás lacrimogêneo, prisões e perseguições políticas. A situação atingiu um novo patamar de crise no final de maio, quando milhares de bolivianos tomaram as ruas de La Paz em protestos que duraram de segunda a sexta-feira. Os manifestantes exigiam medidas concretas contra a crise econômica — marcada pela escassez de dólares e inflação —, além de denunciar o boicote do governo à candidatura de Evo Morales para as eleições de 2025.

Atualmente, 1 dólar americano equivale a aproximadamente 6,91 bolivianos. A inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses ultrapassou a marca de 15%.

O povo tentou romper o cerco policial em frente ao Tribunal Eleitoral, enfrentando a repressão com rojões, pedras, estilingues e até bexigas com tinta, enquanto a polícia usava balas de borracha e gás lacrimogêneo. O resultado: 26 presos — muitos deles acusados de “portar artefatos explosivos”, o que na prática significa rojões usados para defender o protesto popular.

A repressão estatal não impediu o crescimento da revolta. Em reunião com organizações camponesas dos Yungas e do Chapare, Evo declarou:

“Apoio à decisão do Pacto de Unidade, dos transportadores, dos setores mineradores, do movimento camponês que convocam a La Paz. À La Paz, companheiros, para lutar e fazer-nos respeitar por este governo ladrão!”

Manobrando de forma covarde dentro do partido MAS (Movimento ao Socialismo), Arce impediu que Morales fosse o candidato oficial. Como resposta, o ex-presidente fundou o Evo Pueblo, que mesmo ainda sem registro formal, representa o verdadeiro MAS: o dos cocaleros, índios e os sindicatos, e não o da burocracia vendida ao imperialismo.

Diante da ameaça da ditadura neoliberal, delegações de todo o país estão se organizando para marchar à capital. Segundo Morales, inclusive, regiões que garantem sua proteção contra mandados de prisão farsescos — como o de tráfico de pessoas, claramente forjado — já estão a caminho da sede do governo.

A Bolívia vem sendo sacudida por mobilizações populares desde o início de 2024. Protestos contra a escassez de moeda estrangeira, cortes em setores essenciais como educação e mineração, além da repressão ao movimento indígena e sindical, demonstram que a população não aceitará calada a ofensiva neoliberal de Arce e do imperialismo.

O líder do Evo Pueblo reafirmou: se as reivindicações não forem atendidas, os bloqueios se transformarão em paralisação nacional por tempo indeterminado.

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Last Update: 04/06/2025