Os padrões mais flexíveis de empréstimo e a grande quantidade de capital que inundou o crédito privado nos últimos anos colocam o setor à beira de eventuais “acidentes”, segundo o diretor de investimentos de uma das maiores fundações de caridade do mundo.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o diretor do Wellcome Trust, Nick Moakes, afirma que os grandes investidores em tais fundos podem sofrer perdas “muito substanciais” caso a economia norte-americana enfrente um processo de recessão.
“Se o mundo ficar um pouco mais difícil economicamente, acho que há alguns acidentes esperando para acontecer no mundo do crédito privado”, disse Moakes, responsável pela gestão de £ 37,6 bilhões.
Segundo Moakes, embora o crédito privado pode ser “menos perigoso” do que o financiamento bancário uma vez que seus níveis de alavancagem são menores, os gestores de private equity estão obtendo grandes quantias de dinheiro com o mínimo de verificação.
O mercado de crédito privado absorveu um volume considerável de capital, fazendo com que os padrões de empréstimo fossem suavizados em alguns segmentos, mas se um cenário de economia mais lenta ocorrer (principalmente em uma eventual recessão nos Estados Unidos), os cortes a serem efetuados serão expressivos.
Ao mesmo tempo, a agência de classificação KBRA alertou que os tomadores de crédito privado que tentam quitar suas dívidas venham a ser obrigados a encarar as consequências neste ano, em um cenário onde as taxas de juros mais altas afetam os balanços corporativos.
A KBRA projeta uma taxa de inadimplência em torno de 3% no mercado de crédito privado em 2025, ante 1,9% no final do ano passado.
Tal prognóstico teve como base um ajuste dos mercados desde a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, com investidores acreditando que o Federal Reserve não será mais capaz de cortar os juros como esperado anteriormente.