Uma atividade organizada pela secretaria de Segurança Pública do Paraná, na semana passada, incluiu uma exposição de fuzis e outros armamentos para alunos menores de 18 anos de uma escola cívico-militar de Colombo, na região metropolitana de Curitiba.
O evento ocorreu durante uma visita de representantes da Sesp à Colégio Estadual Cívico-Militar Alfredo Chaves, uma das mais de 300 escolas da rede estadual que fazem parte desse modelo.
A exposição foi registrada em vídeos que circulam nas redes sociais e mostram crianças aglomeradas em frente a uma mesa, montada no ginásio da escola, onde estão dispostos pelo menos cinco fuzis, uma pistola e outras armas utilizadas pelo Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial, tropa de elite da PM paranaense. Veja o vídeo:
Após a repercussão, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) informou ter acionado o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Controladoria Geral do Estado para investigar a exposição. A presidente da entidade, Walkiria Mazeto, disse considerar em nota que os estudantes estão sendo expostos à cultura da violência.
“A escola tem como papel central a humanização, a construção do respeito à diversidade e a todas as pessoas. O modelo cívico-militar vai na contramão desse grande objetivo. Esses vídeos, que nós tivemos acesso e denunciamos, são apenas algumas das provas e das muitas denúncias que temos feito sobre este modelo, seja sobre assédio, violência, assim como a incitação à violência e ao racismo”.
Por meio de nota, a Sesp afirmou que a exposição buscou apresentar aos alunos “aspectos do trabalho diário das forças de segurança”. De acordo com a pasta, trata-se de “um tipo de ação tradicional que acontece em escolas, praças, feiras e eventos comunitários” e que os equipamentos exibidos estavam em área supervisionada, e não foram manuseados pelos estudantes.
No final de novembro, circulou nas redes sociais um vídeo no qual alunos do Colégio Estadual Cívico-Militar João Turin, em Curitiba, foram filmados marchando e entoando versos de uma canção do BOPE que exalta violência e execuções.
Apesar das críticas ao modelo de gestão cívico-militar, a gestão de Ratinho Jr. (PSD) avança sobre uma nova etapa de expansão da iniciativa. No mês passado, a Assembleia Legislativa aprovou um projeto do Executivo que amplia o formato para escolas de ensino integral. Com a mudança, o Paraná terá 345 colégios cívico-militares a partir do próximo ano.