A poucos dias de se completarem três anos da Operação Militar Especial, desatada pela Federação Russa para combater a agressão imperialista contra o país, através da Ucrânia, o fim da guerra parece se aproximar a cada dia. Desde o início da nova administração de Donald Trump, os Estados Unidos vêm buscando fazer um acordo de paz com a Rússia, que vem derrotando o imperialismo no Leste da Europa desde o início da guerra. 

Nesta segunda-feira (17), delegações da Federação Russa e dos Estados Unidos reuniram-se na Arábia Saudita para realizar conversações sobre o possível acordo de paz. A delegação russa é liderada por Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Federação, enquanto que a delegação norte-americana é liderada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rúbio. 

Conforme noticiado pela emissora Russian Today (RT), Sergei Lavrov informou que as conversas, que deverão ocorrer nesta terça-feira (18), tem, a primeiro-momento, objetivo de ouvir as propostas dos Estados Unidos, para a solução do conflito. Elas também possuem a finalidade de restaurar as relações bilaterais entre ambos os países, conforme informado por Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin. “Ouviremos nossos colegas americanos e, é claro, estaremos prontos para responder. Então, reportaremos aos nossos líderes que tomarão decisões sobre os passos futuros”, declarou Lavrov.

Por outro lado, Volodimir Zelenski, presidente ilegítimo da Ucrânia (seu mandato terminou em maio de 2024), declarou que não irá reconhecer acordos firmados entre EUA e Rússia durante reunião na Arábia Saudita, acrescentando que o governo da Ucrânia só iria reconhecer negociais nas quais ele estivesse envolvido. Zelenski declarou isto, pois, conforme o próprio, Kiev “não sabia nada” sobre o encontro, e não participou dos mesmos. Apesar disto, está sendo noticiado que Zelensky irá à Arábia Saudita, não havendo informações sobre qual a finalidade de sua ida.

Tendo a paz na Ucrânia sido uma das principais armas da campanha presidencial de Donald Trump, o progresso dos acontecimentos está mostrando que as tratativas estão sendo feitas à revelia da vontade do regime de Kiev. Neste domingo (16), o órgão de imprensa Bloomberg noticiou, citando fontes anônimas, que Trump quer que um acordo de paz seja firmado até dia 20 de abril, quando da Páscoa. No sábado (15), durante a Conferência de Segurança em Munique, Keith Kellog, enviado dos EUA para a Rússia e a Ucrânia, declarou que um plano de paz deverá ser apresentado nas próximas semanas ou mesmo dias.

Durante a conferência, e no decorrer desta última semana, a tentativa de Trump de firmar um acordo de paz com a Rússia intensificou as contradições entre os países imperialistas da União Europeia e a nova administração dos EUA. Na sexta-feira (14), durante a conferência, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, uma representando do setor principal do imperialismo, qualificou o possível acordo como uma “paz falsa”, e disse ao vice-presidente dos EUA, JD Vance, Ucrânia provocaria mais agressões russas e ameaçaria a segurança da Europa. 

O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, também falou sobre as tratativas, declarando que “os Estados Unidos estão pressionando por um acordo de paz rápido entre a Rússia e a Ucrânia. Eles esperam que a Europa assuma a liderança para garantir qualquer acordo que se siga. Essas negociações podem ser um ponto de virada para o nosso continente e as relações transatlânticas. Um ponto de virada histórico que pode seguir em direções muito diferentes”, sinalizando o aumento das contradições entre os diferentes setores do imperialismo.

Demonstrando preocupação com uma paz feita à revelia dos estados imperialistas europeus, Emmanuel Macron, presidente da França, convocou uma reunião de emergência nesta segunda-feira (17), em Paris. para abordar a mudança na abordagem norte-americana do conflito. Conforme noticiado pela RT, o líder francês está tentando garantir que a UE não seja marginalizada em potenciais discussões sobre acordos de paz. Conforme o próprio, ele esteve em contato com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, para discutir “o papel que a Arábia Saudita poderia desempenhar na promoção de uma paz sólida e duradoura, com os europeus no centro do processo”.

No que se refere à reunião convocada por Macron, outros chefes de Estado/chefes de governo do imperialismo europeu anunciaram sua participação, dentre os quais: o primeiro-ministro polonês Donald Tusk, o chanceler alemão Olaf Scholz, o secretário-geral da OTAN Mark Rutte, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen. 

Por outro lado, Keith Kellog, já em Riad (capital saudita), justificou a exclusão dos Estados imperialistas europeus e seus governos das discussões. O enviado norte-americano apontou para os fracassos dos Acordos de Minsk I e II, acordos de paz firmados em 2015. Segundo Kellog, eles deveriam ter sido garantidos pela França e Alemanha, mas depois esses países admitiram que só os assinaram para dar tempo a Kiev para fortalecer seu exército.

No mesmo sentido foi a declaração de Vasily Nebenzya, representante permanente da Rússia na ONU. Segundo o diplomata, a UE não pode ser parte nas tratativas por é “absolutamente infiel à sua palavra”. Nebenzya também denunciou a ilegitimidade de Zelensqui “o auto-proclamado presidente ucraniano perdeu sua legitimidade em maio último”, acrescentando que “pesquisas mostram ainda que Zelensqui perdeu até mesmo o apoio simbólico dos cidadãos ucranianos”.

Nesse cenário de intensificação das contradições entre EUA e UE, Zelenski, buscando explorá-las possivelmente a benefício próprio, declarou ser necessário a criação de “forças armadas da Europa”, uma força militar continental que poderia repelir potenciais ameaças futuras sem a ajuda dos EUA ou da OTAN, acrescentando que “a Europa precisa se tornar autossuficiente, unida por forças comuns”. O presidente ilegítimo também declarou que “Muitos líderes falaram sobre a Europa precisar de suas próprias forças armadas, um exército da Europa. E eu realmente acredito que chegou a hora. As forças armadas da Europa devem ser criadas”  e que “agora não podemos descartar a possibilidade de que a América diga não à Europa em questões que a ameaçam”.

Tal proposta foi rejeitada pela Polônia. Em declaração, Radoslaw Sikorski, ministro das Relações Exteriores do país, e notório apoiador do golpe de 2024 na Ucrânia, declarou que a ideia de unir militares nacionais para formar forças armadas europeias unificadas “não vai acontecer”. A Polônia já havia declarado que quer que sua segurança seja garantida dentro da estrutura existente da OTAN.

Por outro lado, representantes do setor principal do imperialismo, como Emmanuel Macron, Olaf Scholz e Ursula von der Leyen, apoiam uma alternativa à OTAN. Von der Leyen declarou, recentemente, que “a OTAN continua sendo a base da nossa defesa. Mas é evidente que precisamos de uma defesa pan-europeia”.

Expondo como a guerra de agressão contra a Rússia provoca divisões não apenas entre imperialismo europeu e norte-americano, mas também dentro da UE, governos de países oprimidos da Europa, como a Hungria e a Sérvia, mostram-se cada vez mais favoráveis ao fim da guerra, apoiando a atual iniciativa por um acordo de paz. Condenando o imperialismo europeu, Peter Szijjarto, chanceler Húngaro, qualificou a reunião convocada por Macron de uma reunião de “fomentador de guerra”.

Paralelamente ao progresso de possível acordo de paz, e ao aumento das contradições entre diferentes setores do imperialismo, a guerra de agressão contra a Federação Russa continua, com avanços russos e ataques terroristas do regime de Kiev. Por exemplo, nesta segunda-feira, mais de 20 VANTs (drones) ucranianos  atacaram uma grande estação de bombeamento de petróleo no sul da Rússia, na região de Krasnodar. 

Foi alvo a estação de bombeamento de Kropotkinskaya, que é parte do Caspian Pipeline Consortium (CPC), um projeto que envolve empresas dos EUA e que garante o transporte por uma das principais rotas de petróleo bruto do mundo para o mercado global. Segundo o CPC, “todos os acionistas do consórcio internacional, incluindo representantes de empresas dos EUA e da Europa, foram notificados sobre o ataque terrorista de drones a um alvo civil e seu resultado”. Apesar das forças russas terem interceptados a maioria dos VANTs, a estação de bombeamento de Kropotkinskaya foi retirada de serviço como resultado do ataque.

Quanto ao avanço das forças russas, recentemente capturaram a cidade de Toretsk, que, por situar-se em local terreno elevado, é posição militar estratégica para dificultar a logística ucraniana e realizar avanços posteriores. É igualmente estratégica do ponto de vista econômico, em razão de suas minas de carvão.

Estado praticamente consumada a vitória russa contra agressão imperialista, a partir da Ucrânia, um encontro entre Vladimir Putin e Donald Trump pode ocorrer no final deste mês de fevereiro, em Riad (Arábia Saudita), conforme noticiado pela Bloomberg.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 18/02/2025