Eurodeputados de ultradireita também pedem sanções a Moraes

Em ação de apoio a Jair Bolsonaro, 16 parlamentares ligados a partidos de ultradireita europeus, entre eles seis poloneses, pedem que a União Europeia siga exemplo de Trump e aplique sanções contra ministro do STF.

Um grupo de 16 deputados de ultradireita do Parlamento Europeu pediu nesta quarta-feira (30/07) que a União Europeia repita as sanções aplicadas pelos EUA contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Em ofício enviado à chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, pelo eurodeputado polonês Dominik Tarczynski, o grupo sugere que o bloco responsabilize Moraes e aliados por “graves violações de direitos humanos e princípios democráticos”. O ministro já foi punido pelo governo americano com o bloqueio de bens e transações financeiras além da restrição de viagens aos EUA.

“Desde 2019, o ministro Moraes assumiu unilateralmente o papel de investigador, promotor e juiz, emitindo ordens secretas para censurar discursos políticos, bloquear bens e prender críticos sem o devido processo legal”, dizem os parlamentares.

Assim como o presidente dos EUA, Donald Trump, os parlamentares também defendem que o juiz seja enquadrado devido à sua atuação na ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Agora, Moraes supervisiona a acusação politizada de seu maior inimigo político, o ex-presidente Jair Bolsonaro, com acusações infundadas – buscando prendê-lo para sempre e impedi-lo de concorrer e vencer as eleições presidenciais de 2026 no Brasil”, diz a carta.

Os eurodeputados ainda citam a recente decisão de Moraes de banir Bolsonaro de usar as redes sociais ou retransmitir entrevistas como uma violação do compromisso da UE com a liberdade de expressão.

“Moraes tem promovido uma campanha de censura muito além de sua jurisdição, ameaçando não apenas a democracia do Brasil, mas também a ordem democrática global que a UE busca defender. […] A UE deve enviar uma mensagem clara de que o autoritarismo judicial e a censura não serão tolerados”, conclui o texto.

A carta é assinada por ultradireitistas que compõem os grupos parlamentares Patriotas pela Europa e Conservadores e Reformistas e publicada nas redes sociais de Tarczynski. Juntas, as siglas possuem 22% das cadeiras no parlamento. Já o grupo de 16 deputados que assinou a carta representa apenas 2% dos 720 membros do Parlamento Europeu.

Entre os 16 signatários do pedido estão seis eurodeputados poloneses filiados ao nacionalista Partido Lei e Justiça (PiS). Outros parlamentares incluem a grega Afroditi Latinopoulou, do Voz da Razão; o espanhol Jorge Martín Frías, do Vox; o português Tiago Moreira de Sá, do Chega; e a francesa Virginie Joron, do Reunião Nacional (o partido de Marine Le Pen).

Segundo reportagem da CNN, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro articula uma agenda semelhante à que realiza nos EUA também na Europa, buscando apoio de chefes de governo para que adotem sanções contra Moraes.

O deputado brasileiro também agradeceu publicamente o eurodeputado polonês que divulgou a carta pedindo sanções contra Moraes. “Muitíssimo obrigado Dominik [Tarczynski] pelo seu apreço na proteção das liberdades. Deus te abençoe, meu amigo”, escreveu Eduardo na rede X.

O ministro Alexandre de Moraes foi alvo de sanções impostas pelos EUA | Luis Nova/AP/dpa/picture alliance

Regime de sanções europeu já puniu 133 pessoas

A UE possui um mecanismo para pressionar autoridades estrangeiras a cumprir os direitos humanos desde 2020, o Regime Global de Sanções de Direitos Humanos da UE. Similar ao americano, o modelo é conhecido como a Lei Magnitsky europeia, pois se baseou na legislação americana usada por Trump para enquadrar Moraes nesta semana.

Segundo o Parlamento Europeu, a regra congela ativos e proíbe viagens para pessoas e organizações responsáveis por violações como genocídio, crimes contra a humanidade, tortura, escravidão, assassinatos extrajudiciais, desaparecimento forçado de pessoas e prisões ou detenções arbitrárias.

As pessoas visadas pela medida também não podem receber fundos de pessoas e organizações da UE.

Pelo menos 133 pessoas e 37 entidades já foram sancionadas neste âmbito. Entre os alvos estão o grupo paramilitar russo Wagner, tomado como braço informal do Kremlin, “colonos extremistas israelenses na Cisjordânia ocupada” responsáveis por ataques contra palestinos, ativistas que bloqueiam a chegada de ajuda humanitária a Gaza e o grupo militante palestino Hamas, classificado como uma organização terrorista pelo bloco.

Publicado originalmente pelo DW em 31/07/2025

Artigo Anterior

Como construir uma soberania digital estatal?, por Fernando Marcelino

Próximo Artigo

Sarney diz que não podemos “correr atrás de um doido”

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!