Nesta quarta-feira (4), os Estados Unidos vetaram resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU) que pedia cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza.

O documento também exigia o “levantamento imediato e incondicional de todas as restrições” à entrada e distribuição de ajuda humanitária em Gaza; “a restauração dos serviços essenciais, de acordo com os princípios humanitários e resoluções anteriores do Conselho de Segurança”; bem como solicitava “acesso seguro e irrestrito para a ONU e parceiros humanitários em todo o enclave”.

Dentre os 15 países votantes, os Estados Unidos foi o único que se manifestou contra, valendo-se de seu poder de veto. O projeto foi qualificado como “inaceitável” por Dorothy Shea, representante interina dos EUA no CSUN. Falando logo antes da votação, ela declarou que “a oposição dos EUA a esta resolução não deveria ser nenhuma surpresa” e que “os Estados Unidos foram claros: não apoiaríamos nenhuma medida que não condenasse o Hamas e não exigisse que o Hamas se desarmasse e deixasse Gaza”.

Falsificando a realidade e dando vazão à propaganda caluniosa de “Israel”, a representante dos EUA ainda culpou o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) por ainda não ter havido um cessar-fogo.

Contudo, conforme recentemente noticiado por este Diário, o Hamas havia aceitado no dia 28 de maio proposta apresentada pelos EUA, conforme declaração publicada no começo da tarde daquele dia. Ocorre que, poucas horas depois, Steve Witkoff, enviado dos EUA para o Oriente Médio, após receber reposta de “Israel”, fez uma nova proposta seguindo os ditames da entidade sionista, proposta completamente desfavorável aos palestinos.

Líderes do Hamas, então, expuseram o servilismo dos EUA perante o imperialismo, com Mahmoud Mardawi denunciando que “o mediador americano Witkoff concordou integralmente com a proposta que apresentamos para a trégua, mas acabou cedendo aos desejos do lado ‘israelense’” e que “a ocupação ‘israelense’ quer receber os dez prisioneiros no primeiro dia da trégua, sem garantias quanto à implementação dos termos restantes do acordo”. No mesmo sentido, foi a denúncia feita por Bassem Naim, de que “a proposta de Witkoff incluía frases vagas que não garantem o fim da guerra em Gaza. Países ao redor do mundo, incluindo os aliados de ‘Israel’, estão agora convencidos de que Netaniahu é quem está impedindo a obtenção de um acordo”.

Expondo a posição contrarrevolucionária dos EUA, a representante também declarou no CSNU que “o Hamas e outros terroristas não devem ter futuro em Gaza. Como disse o Secretário [Marco] Rubio: ‘se uma brasa sobreviver, ela se transformará em fogo novamente’”.

O Hamas, partido que lidera a Resistência Palestina na luta contra o extermínio dos palestinos e por sua libertação nacional, se pronunciou sobre o veto dos EUA, denunciando que a posição dos EUA serve como um sinal verde para o criminoso de guerra Netaniahu – procurado pelo Tribunal Penal Internacional – continuar seu genocídio brutal contra civis inocentes, incluindo crianças, mulheres e idosos em Gaza, confirmando a total cumplicidade americana nessas atrocidades em curso, bem como que “as declarações do representante dos EUA durante a sessão de votação não foram nada além da continuação da narrativa enganosa de Washington e da distorção dos fatos, negando os direitos legítimos do nosso povo palestino à resistência contra a ocupação e à autodeterminação.

Leia a nota do Hamas na íntegra:

“Declaração à Imprensa

O Movimento Hamas condena nos termos mais duros o uso do poder de veto pelos Estados Unidos para bloquear uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo imediato em Gaza.

Esse veto americano representa o apoio cego da administração dos EUA ao governo de ocupação fascista, endossando seus crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.

Condenamos veementemente o fato de a administração dos EUA ter desafiado a vontade de toda a comunidade internacional, com catorze dos quinze membros do Conselho de Segurança apoiando a resolução, enquanto apenas Washington se opôs. Essa postura arrogante reflete seu desprezo pelo direito internacional e a rejeição aberta a qualquer esforço global para parar o derramamento de sangue palestino.

A posição dos EUA serve como um sinal verde para o criminoso de guerra Netanyahu – procurado pelo Tribunal Penal Internacional – continuar seu genocídio brutal contra civis inocentes, incluindo crianças, mulheres e idosos em Gaza, confirmando a total cumplicidade americana nessas atrocidades em curso.

As declarações do representante dos EUA durante a sessão de votação não foram nada além da continuação da narrativa enganosa de Washington e da distorção dos fatos, negando os direitos legítimos do nosso povo palestino à resistência contra a ocupação e à autodeterminação.

O fracasso do Conselho de Segurança em interromper vinte meses de genocídio, romper o cerco ou fornecer alimentos aos civis famintos levanta questões fundamentais sobre o papel das instituições internacionais e a relevância das leis e convenções que a ocupação viola diariamente sem ser responsabilizada.

Conclamamos a comunidade internacional a agir urgentemente diante desse colapso moral e político, pressionando pelo fim imediato do genocídio e responsabilizando os líderes da ocupação por seus crimes contra o nosso povo.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Cinco de junho”

Crise em ‘Israel’: governo Netaniahu sob risco de cair

Após mais de um ano e meio de guerra, “Israel” continua fracassando em sua tentativa de derrotar o Hamas e demais organizações da Resistência Palestina, ao mesmo tempo em que assassinou mais de 54 mil palestinos.

Mesmo com os bombardeios sistemáticos e mesmo utilizando a fome com arma de guerra, a entidade sionista vem fracassando em fazer o povo de Gaza se voltar contra a Resistência. Diante desse fracasso, as forças israelenses de ocupação executam palestinos em razão de seu apoio ao Hamas e demais organizações, planejando controlar toda Gaza.

Nessa conjuntura, o governo Netaniahu tenta mobilizar mais de 400 mil reservistas das forças de ocupação. Para isto, diversas forças políticas dentro de “Israel” estão pressionando pelo recrutamento dos chamados haredi (judeus ortodoxos), que tradicionalmente são isentos do serviço militar.

Dentro do governo, partidos como Sionismo Religioso e Poder Judeu, respectivamente liderados por Bezalel Smotrich (ministro das Finanças) e Itamar Ben-Gvir (ministro da Polícia), partidos que estão à direta do partido de Netaniahu (Likud), já de extrema direita; pressionam pelo recrutamento dos judeus ortodoxos.

Em janeiro, Smotrich declarou, no parlamento (Knesset), esperar “sinceramente que consigamos aprovar uma boa lei de recrutamento que mude completamente a situação e que recrute os Haredim para o exército, porque eles são necessários. É simplesmente uma necessidade existencial de segurança nacional”.

Partidos de oposição também se posicionam pelo recrutamento dos haredim, a exemplo do Yesh Atid (liderado por Yair Lapid), Yisrael Beiteinu (liderado por Avigdor Lieberman) e outros.

Nessa luta no interior de “Israel”, a crise do governo Netaniahu se aprofundou nessa quarta-feira (4), depois que o partido ultraortodoxo Shas apoiou formalmente a dissolução do parlamento. Conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen, a medida é um protesto contra a incapacidade do governo de aprovar uma legislação que deveria dispor sobre as isenções do serviço militar para judeus ortodoxos estudantes. 

Em declaração, o líder do Shas, Aryeh Der, afirmou que “não há escolha. Não gostamos, mas precisamos apoiar a dissolução do Knesset”.

Referido partido faz parte da coalizão governista, possuindo 11 cadeiras no parlamento. Conforme Al Mayadeen, sua retirada reduziria a coalizão para abaixo da maioria de 61 cadeiras no Knesset de 120 membros, o que, na prática, inviabilizaria o governo Netaniahu, podendo derrubá-lo.

A emissora igualmente informa que outro partido ultraordotoxo, o Judaismo Unido da Torá, também manifestou apoio à dissolução do parlamento. Este partido também faz parte da coalizão governista, possuindo sete cadeiras no parlamento.

Em declaração, Yair Lapid, líder da oposição, afirmou que “este Knesset está acabado. Não tem mais para onde ir. Tudo o que trouxe ao Estado de Israel foi dor, tragédia, luto e crise“.

Al Maydeen ainda informa que a crise em torno do recrutamento de judeus ortodoxo começou em março de 2024, quando a Suprema Corte considerou inconstitucionais as antigas isenções ao recrutamento. A emissora acrescenta que líderes ultraortodoxos exigem que Netaniahu demita Yuli Edelstein, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, por sua postura linha-dura contra a evasão militar. No entanto, qualquer medida nesse sentido esbarra em oposição jurídica e política.

No que diz respeito à posição dos israelenses, uma pesquisa publicada pelo Israel Democracy Institute no início de 2025 mostrou que 84,5% dos israelenses são favoráveis à eliminação das isenções militares para os ultraortodoxos, conforme noticiado à época pelo jornal The Times of Israel. Outra pesquisa revelou que 65% dos entrevistados apoiam a imposição de sanções econômicas e criminais aos que evitam o serviço militar.

Enquanto isto, a Resistência Palestina segue realizando ações diárias contra os invasores israelenses, eliminando e ferindo vários, bem como destruindo equipamentos militares.

Novas ações da Resistência Palestina

Nesta quinta-feira (5), novas ações foram realizadas pelas Brigadas Al-Qassam, a ala militar do Hamas. Em informe, as Brigadas informaram que seus combatentes atingiram um trator militar “D9” com um projétil Yassin 105 perto do cruzamento de Murtaja, na área de Ma’an, ao sul de Khan Iunis, no sul da Faixa de Gaza.

Em outro informe, os combatentes Al-Qassam atacaram concentrações inimigas perto da Mesquita Umm Habiba, na área de Qizan al-Najjar, ao sul de Khan Iunis, no sul da Faixa de Gaza, com vários projéteis de morteiro de 80 mm.

Ação semelhante fora realizada na terça-feira (3), quando as Brigadas Al-Qassam atingiram um tanque sionista Merkava com um projétil Yassin 105, provocando um incêndio em seu interior. A ação ocorreu perto do cruzamento de Murtaja, na área de Ma’an, ao sul de Khan Iunis, no sul da Faixa de Gaza. Em informe, as Brigadas acrescentaram que “nossos combatentes monitoraram o pouso de um helicóptero para evacuação”.

As Brigadas Al-Quds, ala militar da Jiade Islâmica, também fizeram diversas ações nos últimos dias. Publicaram, nesta quinta-feira, vídeo que mostra seus combatentes, em cooperação com os combatentes da Brigada Al-Amoudi – Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, atacando soldados inimigos que haviam penetrado a sudeste de Khan Iunis com diversos projéteis de morteiro.

Outro vídeo mostra “cenas de nossos combatentes detonando um poderoso explosivo em um jipe ​​Hummer sionista em um local inimigo recém-estabelecido a leste da Cidade de Gaza”.

Em informe sobre outra ação, as Brigadas Al-Quds informaram que “realizamos uma emboscada de engenharia contra um veículo militar sionista nas áreas a noroeste de Beit Lahia

Por sua vez, as Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafa, ala militar da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP), publicou “imagens mostrando as Brigadas do Mártir Abu Ali Mustafa apreendendo dois VANTs (drones) sionistas, modelos ‘Bombardier 1’ e ‘EVO MAX 3’, enquanto realizavam missões de inteligência e hostilidade no norte da Faixa de Gaza. Isso faz parte da nossa resposta contínua aos crimes da ocupação contra o nosso povo”.

Não bastando, um combatente das Brigadas Mujahideen, ala militar do Movimento Mujahideen Palestino, “bombardeou um grupo de forças inimigas sionistas posicionadas na colina Al-Muntar, a leste da Cidade de Gaza, com morteiros de 60 mm”.

Ao fechamento desta edição, as Brigadas Al-Qassam havia informado a realização de uma nova emboscada complexa, que resultou na morte e ferimento de sionistas. Leia o informe detalhando a operação:

“Brigadas Mártir Izz El-Din Al-Qassam:

Após retornarem das linhas de frente, combatentes do Al-Qassam confirmaram a realização de uma complexa emboscada na área da Linha Oriental, ao redor do local de Al-Mabhouh, a leste do campo de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, no domingo, 2 de junho de 2025.

Às 12h, os combatentes destruíram um veículo blindado de transporte de pessoal ‘Namer’ com um projétil Al-Yassin 105 e um dispositivo explosivo Shuath, matando e ferindo sua tripulação.

Após a intervenção e a retirada de uma força de resgate, nossos combatentes detonaram um poderoso dispositivo explosivo em um jipe ​​militar Hummer, matando e ferindo os ocupantes. Em seguida, eles entraram em combate com os membros restantes da força de resgate usando armas leves e, imediatamente após o pouso de um helicóptero ‘Yasur’ para evacuação, este foi alvo de metralhadoras e forçado a recuar.”

Conforme noticiado pela emissora Al Mayadeen, as ações relatadas acima foram realizadas de forma coordenada entre as organizações da Resistência, uma nova demonstração do fracasso militar de “Israel” em Gaza.

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Last Update: 06/06/2025