Os Estados Unidos impuseram restrições de vistos a funcionários de países centro-americanos devido à “exploração” de médicos cubanos através do “trabalho forçado”, informou o secretário de Estado Marco Rubio nesta terça-feira 3, sem especificar quem são.
O governo cubano vende serviços a países terceiros através das chamadas “missões internacionalistas” que incluem atividades médicas, as quais, segundo analistas, representam a principal fonte de ingresso de divisas para a ilha.
O governo do presidente americano Donald Trump tomou medidas “para impor restrições de vistos a vários funcionários governamentais centro-americanos e seus familiares por sua ligação com o programa de trabalhos forçados do regime cubano”, afirmou Rubio em comunicado, sem especificar a que país ou países se refere.
“Os funcionários são responsáveis pelos programas de missões médicas cubanas que incluem elementos de trabalho forçado e exploração de trabalhadores cubanos”, acrescentou.
O programa de exportação de mão-de-obra “enriquece o corrupto regime cubano e priva os cubanos comuns da atenção médica essencial de que desesperadamente necessitam em seu país”, adicionou.
Segundo Washington, o objetivo é “apoiar o povo cubano em sua luta pela liberdade” e “responsabilizar aqueles que contribuem para um sistema de trabalho forçado”.
Rubio estimulou que outros países sigam seus passos.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, classificou em abril como “chantagem vulgar” a ameaça dos Estados Unidos de restringir vistos a responsáveis de países que contratam médicos cubanos, e defendeu suas missões médicas no exterior.
Washington inclui Cuba em sua lista suja de tráfico de pessoas porque, a cada ano, Havana envia dezenas de milhares de trabalhadores, principalmente pessoal médico, mas também professores, artistas, atletas, treinadores, engenheiros, técnicos florestais e quase 7 mil marinheiros mercantes, para todo o mundo, segundo o relatório anual apresentado em julho de 2024.
Havana rotula os trabalhadores que abandonam o programa sem completá-lo como “desertores” e indesejáveis — o que os impede de retornar a Cuba por oito anos — e considera que aqueles que não voltam no prazo de 24 meses “emigraram”, o que os faz perder direitos, afirma Washington no relatório.
Desde que voltou à Casa Branca em 20 de janeiro, o presidente Trump incluiu Cuba novamente na lista dos países que patrocinam o terrorismo e restabeleceu e ampliou a lista que proíbe algumas transações com empresas cubanas.
Por mais de seis décadas, Washington impôs um embargo comercial a Cuba. O país enfrenta uma grave crise que levou centenas de milhares de pessoas a emigrarem para os Estados Unidos nos últimos dois anos, tanto irregularmente quanto legalmente, segundo dados oficiais.