Declaração feita pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, deixou claro que o país está de olho na energia excedente gerada pela parte paraguaia da usina binacional de Itaipu.

Durante audiência da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA nesta terça-feira (20), Rubio sugeriu que empresas estadunidenses comprem esse excedente para alimentar datacenters que trabalham com inteligência artificial.

“O Paraguai tem um acordo de longo prazo com o Brasil pelo qual ele vende 50% da energia produzida. Esse contrato expirou e estão tentando ver o que fazem com esses 50% que não vão mais para o Brasil. Você não consegue colocar essa energia em tanques e enviar para outros países”, afirmou. Ele também declarou que “se alguém for esperto, vai até o Paraguai e vai instalar uma fábrica de IA lá”.

A fala de Rubio ocorre no momento em que estão suspensas as negociações entre o Brasil e o Paraguai sobre um novo acordo relativo a Itaipu. Em 2023, venceu o instrumento que vigorou por 50 anos, segundo o qual os dois países dividiam a energia produzida e o Brasil podia comprar o excedente paraguaio, uma vez que o país vizinho não utiliza a sua totalidade. 


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O Paraguai, que tem nesse excedente parte considerável de sua renda, quer aumentar o preço da tarifa paga pelo Brasil. Já o Brasil tenta manter o preço atual ao longo de 2025.

No ano passado, os dois países assinaram um pré-acordo que autorizava o Paraguai a vender essa energia diretamente para indústrias brasileiras.

Em meio a esse processo, no final de março foi noticiado um suposto ataque hacker, via Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a autoridades paraguaias, que teria relação com as negociações sobre Itaipu.

Na ocasião, o Palácio do Planalto emitiu nota em que desmentia “categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência” contra o Paraguai. A citada operação, destacou, “foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de eletricidade em datacenters deverá mais do que dobrar até 2030, devido ao uso e desenvolvimento de IA. Em 2024, os datacenters respondiam por cerca de 1,5% do consumo global de eletricidade, percentual que aumentou 12% em cinco anos.

EUA, Europa e China são responsáveis, atualmente, por 85% do consumo de datacenters, o que explica o interesse dos norte-americanos em energia para essa finalidade, sobretudo considerando a ligação entre o governo de Donald Trump e empresas de tecnologia e desenvolvedoras de IA.

Com agências

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Last Update: 21/05/2025