
Uma proposta polêmica voltou a ganhar espaço nas discussões sobre o futuro da Ucrânia: o enviado dos Estados Unidos ao país, Keith Kellogg, defendeu a criação de zonas de influência estrangeiras para garantir a estabilidade pós-conflito. Em entrevista ao The Times, reproduzida por O Globo neste sábado (12), ele sugeriu que a solução passaria por uma divisão inspirada na Berlim ocupada após a Segunda Guerra Mundial — com presença ocidental a oeste e russa a leste.
“Em vez de um muro, poderíamos usar o Rio Dnieper como uma barreira natural”, afirmou Kellogg, ao propor que a eventual linha divisória seja marcada pelo curso do rio que atravessa o território ucraniano de norte a sul. A proposta prevê a presença de tropas de paz britânicas e francesas na região ocidental, enquanto o leste permaneceria sob controle russo.
Embora França e Reino Unido tenham se mostrado dispostos a enviar forças de manutenção da paz, os Estados Unidos não pretendem colocar soldados em solo ucraniano. Washington também teria advertido Kiev de que uma resolução negociada poderá implicar na perda de parte do território atualmente ocupado por Moscou.

Além da divisão geográfica, Kellogg mencionou a criação de uma zona desmilitarizada ao longo da linha de frente, como forma de garantir distanciamento entre os exércitos. “A presença de tropas britânicas e francesas não seria provocativa”, avaliou, reconhecendo ao mesmo tempo que “os russos podem não aceitar essa estrutura”.
Após a repercussão negativa da entrevista, o diplomata usou sua conta na rede X (antigo Twitter) para esclarecer que não se referia à partição da Ucrânia. “Falei sobre uma força de resistência pós-cessar-fogo em apoio à Ucrânia, com zonas de responsabilidade para aliados. Não se trata de divisão territorial”, escreveu.
A proposta reacende debates sobre os limites da diplomacia e os riscos de institucionalizar uma nova forma de ocupação. Com mais de três anos de guerra e milhares de vidas perdidas, o cenário pós-guerra segue incerto — e dividido entre a urgência por paz e a defesa da integridade territorial ucraniana.
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