O governo Iraque adiou o anúncio da data para o fim da missão da coalizão liderada pelos EUA no país, informou o ministério das Relações Exteriores no dia 16 de agosto. O adiamento se deve aos “últimos desenvolvimentos”, disse o ministério, sem especificar mais detalhes. Essa “missão” atua como verdadeira ocupação militar do Iraque, pois está no país contra a vontade do parlamento desde 2020.
A Comissão Militar Superior EUA-Iraque, composta por funcionários de ambos os países, discutiu os detalhes da retirada de conselheiros de locais militares, acrescentou o ministério em seu comunicado.
Ele disse que as únicas questões que restam antes de se chegar a um acordo sobre o fim da missão da coalizão no Iraque eram o acordo sobre uma data de anúncio, aspectos logísticos e outros detalhes.
Um funcionário do ministério das Relações Exteriores disse à Reuters que o fim da missão da coalizão deverá ser anunciado no início de setembro.
O Iraque quer que as tropas da coalizão militar liderada pelos EUA comecem a retirar conselheiros em setembro e encerrem formalmente sua presença até setembro de 2025, acrescentou a Reuters, com algumas forças dos EUA provavelmente permanecendo em uma capacidade consultiva renegociada.
A decisão ocorre após tropas da coalizão internacional liderada pelos EUA retornarem à base militar K-1 na cidade iraquiana de Quircuque no início de agosto. Foi o primeiro destacamento de tropas dos EUA na cidade rica em petróleo desde 2020.
Os 2.500 soldados americanos no Iraque apoiam os 900 soldados norte-americanos que ocupam o nordeste da Síria em parceria com as Forças Democráticas da Síria (FDS), os aliados dos EUA
As forças armadas iraquianas aumentaram a segurança ao longo da fronteira ocidental do país com a Síria em meados de julho, após a libertação de centenas de combatentes do Estado Islâmico de campos prisionais controlados pelas FDS. Fontes iraquianas informaram ao The Cradle que os militares dos EUA ordenaram a libertação dos prisioneiros do Estado Islâmico.
Em março de 2018, o parlamento iraquiano aprovou uma resolução pedindo o estabelecimento de um cronograma para a retirada das tropas americanas no país.
Em 2020, após o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani em solo iraquiano pelos EUA, constituindo uma grande violação da soberania do país, o parlamento iraquiano votou uma resolução pedindo a retirada das tropas americanas do país. Isso foi votado mais uma vez no ano de 2024, o que deu origem a crise atual.
A resistência se prepara para a guerra
O líder do grupo de resistência iraquiano Asa’ib Ahl al-Haq destacou a necessidade de esforços diplomáticos e militares combinados para expulsar as tropas estrangeiras do país, afirmando que a ação militar é “obrigatória e necessária” para expulsar as forças de ocupação norte-americanas.
“Se as negociações diplomáticas sobre a retirada das tropas estrangeiras do Iraque não forem acompanhadas pela ação militar da frente de resistência, as tropas norte-americanas não deixarão o solo iraquiano”, disse Qais al-Khazali na sexta-feira (16).
Ele acrescentou: “As forças, que estão presentes ilegalmente no Iraque e em flagrante violação da constituição do país, nunca deixarão o território iraquiano por meios diplomáticos”.
“A ação [militar] das organizações da resistência é, portanto, obrigatória e necessária para obrigar as forças militares dos EUA a deixar o Iraque e restaurar plenamente a soberania nacional”, observou o líder do Asa’ib Ahl al-Haq.
Essa declaração não foi isolada, diversos grupos de resistência se pronunciaram da mesma forma nas últimas semanas e voltaram a atacar os EUA. A base aérea de Ain al-Assad, das forças de ocupação dos EUA no oeste do Iraque, foi alvo de ataques com foguetes duas vezes em menos de 12 horas na segunda-feira, resultando em várias baixas militares.