O governo Trump está acompanhando o julgamento de Jair Bolsonaro e outros indiciados por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal nesta terça (25). Segundo revelações feitas na coluna de Jamil Chade, o trumpismo pretende deflagrar ações para “desmoralizar” a Justiça brasileira e seus integrantes, caso Bolsonaro vire réu.
Segundo o colunista, as medidas de retaliação podem atingir figuras de peso no processo contra Bolsonaro, como os ministros do STF e o próprio procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Se Bolsonaro virar réu, “a Casa Branca avalia adotar é o de insistir na narrativa de que as instituições brasileiras estariam sendo usadas para impedir que o ex-presidente possa manter seu papel político”, disse Chade.
A narrativa será de que Bolsonaro está sendo perseguido para não exercer seus direitos políticos. O objetivo é desmoralizar a eleição de 2026, para a qual Bolsonaro já está declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Entre os possíveis ataques estão:
- Proibição de Moraes e outros ministros, ou até o PGR, de entrar nos EUA;
- Sequestro de bens que os ministros eventualmente tenham nos EUA;
- Assédio a outras instituições financeiras do mundo todo que abriguem contas dos ministros.
Chade chamou atenção: “se adotadas, as ações constituiriam uma violação flagrante do direito internacional, uma ingerência em assuntos domésticos e um abalo no princípio da soberania”.
A coluna ainda lembra que embora viole leis internacionais e a soberania dos países, o governo Trump não parece preocupado. Recentemente, até lançou sanções contra a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e contra o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, que decretou a prisão de Benjamin Netanyahu, líder máximo de Israel.
O julgamento de Bolsonaro
A 1ª Turma do STF começou a julgar nesta terça (25) de Jair Bolsonaro e seus aliados no ataque à democracia deverão se tornar réus. O colegiado é composto pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin (presidente), Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.
Os advogados dos denunciados por tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder sustentaram perante a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal que o processo está maculado por ilações, cerceamento de defesa e falta de justa causa, ou seja, de elementos mínimos de provas contra os envolvidos.
A sessão durou mais de duas horas e foi suspensa pelo presidente da turma, ministro Cristiano Zanin. O julgamento com o voto dos ministros retornará ainda nesta terça (25), a partir das 14 horas.
Leia a coluna de Jamil Chade aqui.