EUA integram escritório palestino à embaixada em Israel

Diplomatas palestinos perdem autonomia e agora ficam subordinados a representantes israelenses, após mudança anunciada pelo Departamento de Estado dos EUA


O Departamento de Estado dos EUA anunciou nesta terça-feira (6) que está “integrando” seu Escritório de Assuntos Palestinos (OPA, na sigla em inglês) à embaixada norte-americana em Israel, um movimento que sinaliza uma esperada redução no nível das relações com os palestinos.

A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou que o secretário de Estado Marco Rubio decidiu encerrar o status independente do OPA, transformando-o em um departamento dentro da embaixada.

Bruce ressaltou que a decisão “não reflete qualquer mudança no alcance ou compromisso com o povo da Cisjordânia ou de Gaza”.

Há meses, rumores sobre o fim do OPA pelo governo Trump circulavam entre diplomatas. A administração Trump também já está trabalhando para eliminar o cargo de coordenador de segurança dos EUA para a Cisjordânia ocupada e a Faixa de Gaza.

O escritório do coordenador de segurança é pouco conhecido, mas representa o principal elo público do engajamento de defesa dos EUA com os serviços de segurança da Autoridade Palestina (AP).

A absorção do OPA pela embaixada dos EUA em Israel indica um novo rebaixamento no reconhecimento norte-americano à Autoridade Palestina e o limitado interesse do governo Trump na criação de um Estado palestino independente.

Diplomatas que trabalhavam no OPA tinham certa independência em relação à missão diplomática dos EUA em Israel. Eles podiam enviar relatórios diretamente a Washington e outras embaixadas sem a aprovação de altos funcionários responsáveis por assuntos israelenses.

Essa distinção agora desaparecerá, e diplomatas seniores designados para Israel passarão a supervisionar relações ligadas à Autoridade Palestina e questões palestinas.

O OPA já operava sem um líder sênior. Hans Wechsel, que chefiava o escritório, renunciou em março, e o governo Trump não nomeou um substituto. A oficial de carreira Lourdes Lamela era a funcionária mais graduada no local.

Por décadas, os EUA mantiveram sua embaixada em Israel em Tel Aviv e um consulado em Jerusalém dedicado a assuntos palestinos. Essa separação existia porque os EUA não reconheciam Jerusalém como capital de Israel.

Israel conquistou Jerusalém Oriental na Guerra de 1967 e a anexou. O governo Trump, em um golpe para os palestinos, reconheceu Jerusalém como capital de Israel e transferiu a embaixada para lá, fechando o consulado – embora diplomatas continuassem trabalhando no prédio histórico do século XIX.

Mike Huckabee, novo embaixador dos EUA em Israel, já defendeu publicamente a expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada e afirmou que “não existe algo como um palestino”.

Com informações de Middle East Eye*

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