Os Estados Unidos irão impedir que autoridades estrangeiras entendidas como “cúmplices de censura a americanos” entrem no país, de acordo com o secretário de Estado, Marco Rubio.
Embora o anúncio não tenha sido direcionado a nenhuma pessoa especificamente, a atitude acontece em meio à mobilização da extrema direita brasileira que visa constranger autoridades nacionais por seu trabalho.
O principal alvo dos bolsonaristas é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Ele é o relator da ação penal sobre a trama golpista que tem como principal nome o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Com isso, Eduardo Bolsonaro se licenciou do mandato de deputado federal e foi viver nos EUA para organizar um movimento externo contra Moraes e outras autoridades do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal.
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Eduardo e outros extremistas têm buscado sanções contra o ministro do STF como forma de atrapalhar a condução dos julgamentos que envolvem seu pai, assim como visam capitalizar eleitoralmente uma possível ação norte-americana ao construírem uma falsa narrativa de conluio contra a família Bolsonaro.
Neste ponto, a medida anunciada por Rubio ainda não atende ao desejo dos bolsonaristas por um ataque direto a Alexandre de Moraes. A intenção dos golpistas é impor uma sanção que vá além do simples impedimento de entrada nos Estados Unidos, estendendo-se ao bloqueio de eventuais bens no país e à proibição de transações financeiras.
No entanto, apesar de ainda não terem alcançado seu objetivo, os bolsonaristas alimentam a ideia de que o presidente Donald Trump já teria um decreto preparado a pedido deles.
Na terça (27), o ministro do STF aceitou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para abrir inquérito contra Eduardo e investigar sua atuação nos EUA. O caso pode culminar até mesmo no bloqueio de contas de Jair por ter admitido sustentar o filho na estadia fora do Brasil.
Big Techs e ‘protegidos’ da extrema direita
Segundo Rubio, a iniciativa do governo dos EUA acontece por considerarem “inaceitável” que sejam emitidos mandados de prisão contra cidadãos ou residentes nos EUA por postagens em redes sociais feitas em plataformas do país, como também pela exigência dessas empresas estarem submetidas à moderação com base nas leis do país ou região onde atuam.
Dessa forma, o governo norte-americano incorpora a demanda das Big Techs que agem de forma contrária a qualquer regulamentação de seu serviço, como tem avançado em propostas na União Europeia.
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Nesta atual iniciativa de restrição de vistos, Alexandre de Moraes poderá ser incluído pelos embates com a plataforma X, de Elon Musk, que hoje atua no governo dos EUA, e contra a plataforma Rumble – que processa o ministro em uma corte na Flórida (EUA).
Caso o governo Trump se rebaixe ainda mais, poderá incluir nesta lista de suposta ‘censura’ dois foragidos da Justiça brasileira: Paulo Figueiredo, ex-apresentador da Jovem Pan, e Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista. Ambos têm pedidos de prisão preventiva abertos no Brasil.