O governo dos Estados Unidos decidiu revogar a isenção de sanções que permitia ao Iraque importar eletricidade do Irã. A informação foi confirmada por um porta-voz do Departamento de Estado no dia 8 de março. A medida insere-se na política de “pressão máxima” adotada pela administração do presidente Donald Trump contra Teerã.

A isenção, que havia sido renovada em diferentes ocasiões, expiraria no sábado seguinte à decisão. O cancelamento retira formalmente a autorização para que Bagdá continue adquirindo energia iraniana, o que pressiona o governo iraquiano a buscar fontes alternativas de abastecimento.

“O cancelamento da isenção garante que não permitiremos ao Irã qualquer grau de alívio econômico ou financeiro”, declarou o porta-voz do Departamento de Estado. Segundo ele, a medida tem como objetivo “acabar com a ameaça nuclear [do Irã], restringir seu programa de mísseis balísticos e impedi-lo de apoiar grupos terroristas”.

O governo norte-americano também instou o Iraque a reduzir sua dependência energética do Irã.

“Pedimos ao governo iraquiano que elimine sua dependência de fontes iranianas de energia o mais rápido possível. O Irã é um fornecedor de energia não confiável. A transição energética do Iraque oferece oportunidades para empresas dos EUA, que são especialistas líderes mundiais em aumentar a produtividade de usinas de energia, melhorar redes elétricas e desenvolver interconexões elétricas com parceiros confiáveis”, completou o porta-voz.

O Irã é, historicamente, o principal fornecedor de energia do Iraque. Apesar de ser o segundo maior produtor de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e possuir reservas expressivas de gás natural, o Iraque enfrenta dificuldades para assegurar um fornecimento estável de energia.

Entre os fatores estão décadas de conflitos armados, instabilidade política e baixo volume de investimentos estrangeiros no setor energético.

O conselheiro de relações exteriores do primeiro-ministro iraquiano, Farhad Alaeddin, declarou à agência Reuters que a expiração da isenção “apresenta desafios operacionais temporários”.

O governo iraquiano tem enfrentado obstáculos para quitar dívidas com Teerã por fornecimento de energia, em razão das restrições financeiras impostas pelas sanções norte-americanas.

A revogação da isenção integra uma série de medidas adotadas pela Casa Branca para ampliar a pressão econômica sobre o Irã. A administração Trump tem concentrado esforços em dificultar os embarques internacionais de petróleo iraniano e bloquear fontes de receita do país.

Ao assumir o cargo, Trump restabeleceu formalmente a política de sanções contra Teerã por meio de ordem executiva. O governo norte-americano afirma que o objetivo é impedir que o Irã desenvolva capacidade nuclear com fins militares e interromper o apoio a grupos classificados como terroristas por Washington.

Teerã tem reagido às medidas com críticas ao governo dos Estados Unidos. Em declarações recentes, o regime iraniano acusou Washington de manter negociações diplomáticas apenas como instrumento de coerção econômica.

“O Irã não negociará sob pressão”, disseram autoridades iranianas. O Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou em 8 de março: “Alguns governos valentões — eu realmente não conheço nenhum termo mais apropriado para algumas figuras e líderes estrangeiros do que a palavra intimidação — insistem em negociações. Suas negociações não visam resolver problemas; elas visam à dominação”.

No dia anterior, o presidente Trump declarou ter enviado uma carta à liderança iraniana. Segundo ele, o documento continha um ultimato para que Teerã aceitasse negociar sob pena de sofrer um ataque ao programa nuclear.

“Escrevi uma carta para eles, dizendo que espero que vocês negociem porque se tivermos que entrar militarmente, será uma coisa terrível para eles. Há duas maneiras de lidar com o Irã — militarmente, ou vocês fazem um acordo”, afirmou Trump em 7 de março.

O Irã sustenta que seu programa nuclear possui fins exclusivamente pacíficos, citando uma fatwa religiosa contra armas de destruição em massa e sua adesão ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).

O país, no entanto, enfrenta ameaças constantes de ataque por parte de Israel. Relatórios recentes da inteligência dos Estados Unidos apontam que o governo israelense avalia a possibilidade de realizar ataques a instalações nucleares iranianas ainda neste ano, caso as negociações diplomáticas fracassem.

Segundo informações publicadas pelo jornal Washington Post em fevereiro, autoridades norte-americanas indicaram que Israel pretende agir “com ou sem” apoio dos EUA e estaria “buscando aproveitar o momento” para atacar alvos estratégicos no Irã.

A revogação da isenção à importação de energia iraniana por parte do Iraque representa mais uma etapa na política de sanções promovida pelos Estados Unidos. O impacto da medida sobre a segurança energética iraquiana e as relações regionais continuará sendo monitorado por analistas internacionais.

Com informações da Reuters e do Washington Post

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 10/03/2025