O governo norte-americano começou a sabotar completamente o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Por um breve período em que os EUA pareciam estar se aproximando de um acordo, com posicionamentos positivos do chefe da CIA, do próprio Biden e do representante dos EUA no Conselho de Segurança da ONU. Agora o imperialismo norte-americano sustenta a posição de “Israel” de dificultar ao máximo o acordo com o Hamas.
O dirigente do partido palestino, Osama Hamdan, se pronunciou nessa sexta-feira (24). Ele afirmou que: “a resistência exige medidas práticas para o que já foi acordado, não mais negociações. Os norte-americanos estão interessados em criar uma atmosfera positiva para as negociações para apoiar a campanha eleitoral de Kamala Harris. A atmosfera positiva também decorre de pressões internas e populares sobre Netaniahu”.
Ele se refere ao fato de que “Israel” exige mais do que foi acordado tanto na ONU quanto nas conversas de cessar-fogo anteriores. O principal é que “Israel” não quer retirar as tropas totalmente de Gaza, ou seja, na prática, não quer um cessar-fogo, pois a ocupação militar continuaria na Faixa de Gaza. Hamdan também cita que o que acontece é uma campanha de imprensa a favor da candidatura de Kamala Harris.
O dirigente palestino continua: “não aceitamos receber informações através da imprensa, e informamos aos mediadores que estamos aguardando para ouvir deles que a ocupação concordou com o que foi anunciado”. E afirma: “a ocupação iniciou a invasão de Rafá no dia seguinte ao que concordamos com a iniciativa, e após três semanas, apresentou novas condições”. Ele se refere a primeira vez que o acordo foi aceito pelos EUA, por meio do chefe da CIA, William Burns, que estava no Catar negociando. Após essa vitória do Hamas, “Israel” invadiu Rafá para impedir o acordo.
Hamdan então comenta as dificuldades dos EUA e de “Israel”: “Netaniahu percebe que não pode entrar em uma confrontação em grande escala na região sem a intervenção dos EUA ao seu lado. As preocupações americanas sobre uma batalha regional estão ligadas a cálculos eleitorais e ao declínio da influência dos EUA globalmente”. Para “Israel” quanto mais os EUA participarem da guerra, melhor, primeiro porque a ajuda militar é enorme, segundo porque os norte-americanos podem retirar o foco da guerra de “Israel”. Há confrontos na Síria, no Iraque, no Iêmen, e o sonho de “Israel” seria uma guerra no Irã ou no Líbano.
As possibilidades da guerra
A liderança do Hamas então conclui seu argumento: “amanhã, enfrentaremos duas opções: se a entidade concordar com a iniciativa, discutiremos os detalhes da implementação, ou se ouvirmos o contrário, comunicaremos nossa posição. A presença de ‘Israel’ no eixo Filadélfia e no corredor ‘Netzarim’, e a travessia de Rafá, é inaceitável”.
A primeira possibilidade é que “Israel” mude completamente de posição e aceite o que foi acordado antes dos EUA mudarem de posição. A segunda é que “Israel” vai recusar e manterá sua posição de ocupar a Faixa de Gaza. A ocupação seria no corredor Netazarim, dividindo o norte do sul de Gaza. E no corredor Filadélfia, que é a fronteira da Faixa de Gaza com o Egito.
Ou seja, “Israel” propõe como cessar-fogo controlar completamente todas as fronteiras de Gaza e ainda manter um contingente de tropas no meio do território para controlar o retorno dos palestinos a cidade de Gaza, que fica no norte e que é o local de maior concentração da população. É uma proposta totalmente absurda que só tem como objetivo impedir um avanço do acordo. “Israel” quer sustentar a guerra, pois caso ela termine agora seria uma derrota e essa derrota teria um impacto político gigantesco.
O que acontece agora é que a posição dos EUA é de ofensiva, isso ficou claro no sinal verde tanto para a invasão de Kursk, na Rússia, quanto do assassinato de Hanié, principal líder do Hamas, no Irã. Diante disso, tudo indica que o cessar-fogo não irá avançar, pois os EUA vão sustentar a guerra genocida de “Israel”. Nesse sentido, o Hamas terá de manter a sua posição de resistência, que tem sido um grande sucesso até o momento.
A guerra parece que irá terminar com uma grande crise nas forças armadas sionistas. Isso pode acontecer a qualquer momento, pois a crise do exército é muito grande. Resta também saber quais serão as ações do Eixo da Resistência, principalmente do Irã e do Hesbolá, contra “Israel” que todos esperam ansiosamente.