Autoridades russas e americanas se reuniram na Arábia Saudita para discutir um acordo parcial de cessar-fogo na Ucrânia, focado na proteção de instalações energéticas e navios no Mar Negro.
As negociações ocorrem separadamente, e a Ucrânia defende uma trégua total, enquanto Putin exige concessões antes de qualquer acordo. Analistas apontam que Moscou busca vantagens econômicas e geopolíticas com a reaproximação de Trump.
“A Ucrânia está seguindo seu próprio curso, e a ofensiva continua (…) Mas acho que, para Putin, as relações com os Estados Unidos são mais importantes do que a questão específica da Ucrânia”, afirmou Vyacheslav Nikonov, vice-presidente do comitê de relações exteriores do Parlamento russo.
Após conversas entre Trump, Zelensky e Putin, Rússia e Ucrânia concordaram com uma trégua, porém aconteceram imprevistos sobre sua abrangência.
A Casa Branca declarou que “energia e infraestrutura” estariam cobertas pelo acordo, enquanto o Kremlin afirmou que o entendimento seria restrito à “infraestrutura energética”. Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu que também gostaria que ferrovias e portos fossem protegidos pelo acordo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que a Rússia interrompeu ataques contra instalações energéticas por 30 dias, mas acusou a Ucrânia de violar o cessar-fogo ao bombardear uma estação de gás em Kursk. Kiev negou a acusação, responsabilizando os próprios militares russos pelo ataque.
Enquanto as negociações avançam, Moscou segue com ataques, no último sábado (22), uma onda de drones deixou ao menos sete mortos na Ucrânia.
Zelensky reforçou que há uma proposta de “cessar-fogo incondicional” desde 11 de março, mas que a Rússia mantém as ofensivas.
“Nossa equipe tem sido construtiva, e as discussões são úteis (…) Mas Putin precisa ser pressionado a interromper os ataques, porque quem começou esta guerra deve encerrá-la”, afirmou Zelensky.
Putin mantém suas exigências, incluindo o veto à entrada da Ucrânia na Otan e a redução da influência ocidental na região. Moscou aposta na disposição de Trump para acordos comerciais, buscando flexibilizar sanções e retomar negócios estratégicos, como o setor de aviação.
“Trump gosta de acordos rápidos (…) Se ele perceber que há grandes dificuldades, pode se decepcionar e deixar esse problema de lado“, disse Aleksandr Dynkin, assessor do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.