O presidente Lula concedeu entrevista ao Uol, onde abordou a indicação do futuro presidente do Banco Central. Lula sinalizou que pretende indicar alguém com um perfil oposto ao do atual ocupante do cargo, Roberto Campos Neto.
“Eu não indico o presidente do Banco Central para o mercado. Eu indico o presidente do Banco Central para o Brasil. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. E o mercado, seja ele o mercado financeiro, o mercado empresarial, o mercado produtivo, tem que se adaptar a isso”, afirmou.
Lula acrescentou que é importante ter no país a certeza de geração de empregos, de inflação controlada, de crédito acessível, de mais investimentos. “É esse país de ganha a ganha que nós vamos criar, e aí estamos fazendo o país de ganha a ganha. Você percebe todo dia que o Brasil melhorou. Você percebeu que a economia voltou a crescer o triplo do que imaginavam que ela fosse crescer, embora tenha crescido um pouco, diante daquilo que eu acho que ela deve crescer?”, disse.
“As pessoas precisam compreender o seguinte. Você acha que a Faria Lima tem alguém que quer mais bem ao Brasil do que eu? Que tem interesse em melhorar a vida do povo mais do que eu? Você acha que tem? Você acha que quando eles estão discutindo o aumento da taxa de juros, eles estão pensando no cara que está dormindo embaixo da ponte? No cara que está dormindo na Sarjeta? No cara que está morrendo de fome? Pensam? Pensam no lucro! E o país tem que ter alguém que pense no povo”, enfatizou.
Juros altos e autonomia do BC
Outro tema tratado na entrevista foi a lei que conferiu autonomia ao Banco Central, aprovada pelo Congresso em 2021 e que permitiu que Campos Neto permanecesse no cargo até hoje, sabotando o governo e o país e atuando como cabo eleitoral da oposição.
“Eu não preciso de uma lei para dizer que tem autonomia. Eu preciso respeitar a função do Banco Central. A pergunta que eu faço é a seguinte: o Banco Central tem necessidade de manter a taxa de juros a 10,5% quando a inflação está a 4%? O Banco Central leva em conta que as pessoas estão tendo dificuldade de fazer financiamento?”, questionou.
Lula defendeu que entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reforcem a pressão contra os juros altos, “porque são eles que estão tendo dificuldade”.
Lula voltou a destacar o equívoco da política monetária do Banco Central dianre de em um cenário de inflação controlada.
“Nós vamos cuidar da inflação. Eu quero que você saiba o seguinte: eu sou um ser humano que vivi com uma inflação de 80% ao mês, e eu recebia salário. E se eu não gastasse aquele dinheiro no dia, ele perderia valor no dia seguinte. Então, pra mim a inflação é quase que uma opção divina. Eu quero cuidar de controlar a inflação, porque eu quero que o povo tenha direito a comer do bom e do melhor e o mais barato possível”, afirmou.