
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã deste sábado (7), em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao que classificou como genocídio em Gaza e à omissão da comunidade internacional diante da crise. “Tão grave quanto a Ucrânia é Gaza. A guerra entre Ucrânia e Rússia são dois exércitos formais brigando. Em Gaza não, é um exército altamente profissionalizado matando mulheres e crianças”, disse Lula no hotel Intercontinental, onde estava acompanhado de ministros, como Mauro Vieira e Marina Silva.
Lula destacou o sofrimento do povo palestino e expressou indignação com a passividade global: “Eu fico pasmo com o silêncio do mundo. Parece que não existe mais humanismo nas pessoas. ‘Ah, palestino pode morrer’. Palestino não é ser inferior, palestino é gente como nós”. O presidente também relembrou o acordo de 1967 que previa um território para os palestinos: “Está sendo tomada essa terra demarcada”.
As críticas também recaíram sobre a Organização das Nações Unidas, que, segundo Lula, perdeu sua capacidade de ação diante de crises como essa. “A ONU que teve coragem de criar o Estado de Israel, não tem força para criar o Estado Palestino. Estão dizimando uma nação, a pretexto de quê?”, questionou. Ele defendeu uma nova governança global e lamentou o aumento dos conflitos armados no mundo, apontando que este é o período com mais guerras desde a Segunda Guerra Mundial.
Sobre o ataque do Hamas, o presidente afirmou que também houve condenação por parte do Brasil, mas levantou dúvidas sobre a resposta israelense. “Nós também criticamos o Hamas quando fez a invasão a Tel Aviv. Agora, o que ninguém responde é como a inteligência de Israel permitiu que alguém de asa delta invadisse Tel Aviv”, ironizou. “Sinceramente, tem coisas que meus anos de escolaridade não me permitem compreender.”
Em sua passagem pela França, Lula também reforçou os laços entre os dois países e defendeu a aprovação do Acordo União Europeia–Mercosul. Segundo ele, é possível encontrar um equilíbrio para que o acordo avance sem prejudicar os pequenos agricultores franceses. O presidente deve retornar ao Brasil no início da próxima semana após compromissos em Nice.
Durante um encontro com a comunidade brasileira em Paris, Lula recebeu uma carta aberta assinada por mais de 12 mil pessoas e organizações. O documento pede que o Brasil rompa relações diplomáticas e comerciais com Israel. “É indispensável que o Brasil se junte às demais nações que aplicaram sanções ao regime israelense”, afirma a carta, assinada por personalidades como Chico Buarque, Ney Matogrosso, Luiza Erundina e Gregório Duvivier.