O filho de Olavo de Carvalho, Tales de Carvalho, foi acusado de estupro e tortura por quatro mulheres, incluindo suas próprias filhas e a ex-esposa.
As mulheres relatam que os estupros e a tortura física e psicológica ocorreram durante pelo menos duas décadas.
O acusado é um dos donos do Instituto Cultural Lux et Sapientia (ICLS), em torno do qual uma espécie de seita foi construída pela família de Olavo (principalmente seus filhos e irmãos).
Essa seita, mantida e perpetuada por muitas pessoas, incluindo o próprio Tales, tinha como “guru” o outro filho de Olavo, Luiz Gonzaga de Carvalho, o “Gugu”.
De acordo com as denunciantes, o ICLS é usado por Tales de Carvalho para obter dinheiro de seus “alunos”, pessoas induzidas ao erro perante um processo de convencimento poderoso das crenças desta seita, que levaram e ainda levam muitos a colaborarem financeiramente com o Instituto, que tornou-se, então, a fonte de renda de Tales.
Mas não é só isso que a seita beneficia o astrólogo: segundo as mulheres que concederam entrevista ao jornal Metrópoles sob condição de anonimato, o ICLS serve também para que Tales encontre mais esposas.
Ele chegou a ter quatro, numa mesma época, e todas sob o mesmo teto.
Uma dessas “esposas”, pasmem, era uma criança de 12 anos (hoje com 35). Como se não bastasse, a menina era enteada da mãe de Tales e ex-esposa de Olavo, Eugênia.
A então esposa optou pela separação, mas, acuada por ameaças e tortura psicológica, foi obrigada a reatar o casamento.
A partir de então, iniciou-se um período de estupro e torturas contra a mulher, que apanhava quase diariamente com requintes de crueldade, e de maneiras que, perdoem, me custa escrever.
Tales, é claro, justificava a tortura – que estendeu-se rapidamente à segunda “esposa” do acusado – a partir da seita que seu pai criara, segundo a qual a tortura “purificava” as mulheres.
Essa história de horror – que mais parece um filme trash de roteiro duvidoso – tem muito em comum com outros estupros e toda sorte de violências cometidas contra mulheres em nome da religião.
Não se pode aceitar que um homem estupre e torture livremente a própria “família” sob a justificativa de que é essa a sua crença.
Roubar a infância de uma garotinha e torturá-la com fio de telefone não é crença, é crime inafiançável. Tratar mulheres como escravas sexuais ou sacos de pancada, mijar no corpo da mulher para que as chicotadas doam mais é nada menos do que uma monstruosidade, e qualquer menção à religião não deveria sequer existir, nem mesmo para explicar os episódios de horror.
Aliás, não se pode aceitar sequer que essa seita se perpetue.
É imperioso que, após denúncias tão graves, o ICLS seja de fato investigado, e que sejam responsabilizados todos aqueles que dele se beneficiam, e que a partir dela cometem violências que nenhum adjetivo consegue traduzir.
Enquanto vivo, o patriarca e idealizador da seita Olavo de Carvalho chegou a afirmar, em um post no Facebook, que não fiscalizada o trabalho dos filhos (Tales e Gugu), e que não havia um “trabalho conjunto da família carvalho”.
O que as denunciantes narram, entretanto, nos diz o contrário: a família Carvalho tortura, estupra e extorque mulheres a partir de um trabalho conjunto e coordenado.
As investigações em torno do ICLS são urgentes, e muito certamente podem salvar outras mulheres de terem o mesmo destino que as esposas e filhas de Tales de Carvalho.
Que seus integrantes e idealizadores sejam descobertos e punidos, e, quem sabe, parem no mesmo buraco onde está Olavo de Carvalho, a sete palmos do chão.