Realizado pela Unifesp, procedimento inédito na América Latina para tumor mamário substitui cirurgias. Foto: Reprodução

Pesquisadores brasileiros obtiveram resultados animadores ao utilizar a crioablação — técnica de congelamento de células cancerígenas — em pacientes com câncer de mama em estágio inicial. “Nosso objetivo com a crioablação é eliminar o tumor de maneira eficaz e menos invasiva”, diz Afonso Nazário, professor da Unifesp e um dos coordenadores da pesquisa. As informações são da Folha de S. Paulo.

O procedimento consiste em inserir uma agulha fina na região atingida pelo tumor para injetar nitrogênio líquido a aproximadamente -140ºC, formando uma esfera de gelo que destrói as células doentes. “Você não precisa internar, não precisa tomar anestesia geral e fazer grandes cortes”, acrescenta Nazário, destacando as vantagens de um método minimamente invasivo, que dispensa internação prolongada.

Na primeira etapa do estudo, 60 pessoas com tumores de até 2,5 cm participaram do protocolo. Em 48 pacientes, cujos tumores eram de até 2 cm, a crioablação eliminou completamente o câncer. Nos demais 12 casos, de tumores entre 2 e 2,5 cm, 8% das pessoas ainda apresentaram pequenos focos residuais da doença após a aplicação do congelamento. Em seguida, todos passaram por cirurgia para retirar o quadrante da mama afetado e os linfonodos axilares.

A assistente de atendimento Cristina Spolador, 37, uma das voluntárias do estudo, relata como o procedimento foi simples. “Saí do trabalho, fiz o procedimento e, no mesmo dia, já estava em casa. Não senti dor, apenas uma leve sensação de rigidez na região tratada.” Ela também passou por sessões de radioterapia para reduzir o risco de recidiva do câncer.

Universidade Federal de São Paulo, vinculada ao MEC, testou tratamento com utilização de nitrogênio líquido, protocolo pioneiro de pesquisa na América Latina. Procedimento pode ser feito em ambulatório. Foto: Unifesp

O próximo passo será a fase final da pesquisa, que ocorrerá entre março de 2025 e 2027, envolvendo 700 voluntárias divididas em dois grupos. “Nosso foco agora é comprovar que a crioablação é tão eficaz quanto a cirurgia em longo prazo”, afirma Nazário, esclarecendo que, nesta etapa, serão recrutadas mulheres acima de 60 anos com tumores de até 2 cm, onde se observaram os melhores resultados iniciais.

Apesar de já ser aplicada em países como Estados Unidos, Japão, Israel e Itália, a crioablação ainda não está disponível no SUS nem é coberta pelos planos de saúde no Brasil. “O alto custo das agulhas é um desafio, mas acreditamos que a popularização do método vai baratear o procedimento, tornando-o acessível a mais pacientes”, conclui Nazário, ressaltando que, mesmo com a técnica, o tratamento do câncer de mama continua exigindo abordagem sistêmica, podendo incluir radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia, a depender de cada caso.

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Last Update: 25/01/2025