O glioblastoma (GBM) é um dos tipos mais agressivos de câncer cerebral e também um dos maiores desafios para a medicina, devido à dificuldade do tratamento e à alta taxa de letalidade.
Mas um estudo liderado pela professora Marilene Hohmuth Lopes, do Laboratório de Neurobiologia e Células-Tronco da Universidade de Sâo Paulo (USP) descobriu que a proteína príon é capaz reduzir a progressão da doença e melhorar as chances de recuperação e a sobrevida dos pacientes.
Um dos desafios no tratamento do câncer cerebral é o fato de que as células se multiplicam rapidamente, formando uma massa de tumor. E, mesmo após cirurgias, quimioterapias e radioterapias, as células-tronco tumorais ficam retidas no tecido cerebral em estado dormente e, quando ativadas, voltam a induzir o crescimento acelerado do tumor.
Mas a proteína príon, já conhecida por atuar na funcionalidade e plasticidade do cérebro, quando alterada geneticamente compromete a autorrenovação de células tumorais.
“Descobrimos recentemente que uma molécula modula a outra e, agora, buscamos entender melhor essa interação. Até o momento, sabemos que a proteína príon pode funcionar como um arcabouço, criando plataformas multiproteicas de sinalização na membrana das células, para que elas sobrevivam e proliferem. Quando alteramos a produção dessa proteína [via CRISPR-Cas9], descobrimos que a sua ausência compromete a autorrenovação, a migração e a invasão das células tumorais”, ressalta a pesquisadora.
A descoberta põe fim ao hiato de 20 anos de estagnação no tratamento do glioblastoma, mas ainda não é possível precisar quando as conclusões poderão integrar protocolos de tratamento contra o câncer tumoral.
O GBM representa 49% dos tumores cerebrais e, por ano, são diagnosticados até 12 mil novos pacientes no Brasil.
*Com informações da Agência Fapesp.
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