Redes sociais são a principal fonte de informação sobre política para 31% dos brasileiros, diz pesquisa “A Face da Democracia”
Por Fernanda Lima e Luana Silva*
Mais de um terço da população brasileira (31,3%) tem as redes sociais como principal fonte de informação sobre política, só perdendo para o noticiário de TV (33,2%). Em 2018, redes sociais eram a fonte escolhida por 11,9%.
Dentre todos aqueles que fazem uso hoje das redes para se informar, mesmo não sendo a fonte principal, o Instagram aparece pela primeira vez isoladamente como maior canal, com 25,4%, seguido por Facebook (20,1%).
Já quando desconfia de que alguma notícia é falsa, a principal fonte de checagem do brasileiro é uma busca no Google (26,5%).
Os dados fazem parte da edição 2024 da pesquisa “A Face da Democracia”, lançada na íntegra (configura, ao final) nesta segunda-feira (22) pelo Instituto da Democracia (INCT-IDDC), e da qual participaram pesquisadores da UFMG, Unicamp, UnB e UERJ.
Realizada anualmente desde 2018, a pesquisa faz um retrato atualizado de como o brasileiro enxerga a democracia no país, como se apropria de informação política e de como se posiciona em relação a valores e temas em destaque a cada ano.
As sondagens têm mostrado, nos últimos anos, importantes mudanças na percepção dos brasileiros em relação aos temas pesquisados, o que interfere no comportamento político e nas atitudes dos cidadãos.
Neste ano de eleições municipais, os dados apontam ainda aspectos sobre confiança dos brasileiros nas instituições, culpados pela tragédia ambiental no RS, posicionamento da população em relação a temas como aborto e liberação das drogas e o impacto do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral.
No âmbito da participação, novas formas de ativismo passaram a compor os modos de organização e de mobilização, traduzindo as mudanças estruturais da política na era das novas tecnologias de comunicação, e conferindo à opinião pública um papel potencializado sobre as mediações que realiza entre os cidadãos e o Estado.
Veja outros destaques da pesquisa “A Face da Democracia”:
● 50,2% dos brasileiros dizem não confiar em partidos políticos.
● 69,1% dos brasileiros são contra a descriminalização do uso de drogas.
● 81,5% dos brasileiros são a favor do programa Bolsa Família.
● 61,3% são a favor da militarização das escolas públicas.
● Cidadãos, empresas e governo são apontados pelos brasileiros como os agentes que mais podem contribuir para a redução do problema do clima e do aquecimento global, com 30,1%, 24,9% e 19,3%, respectivamente.
● A maioria dos brasileiros (53,1%) indica que poderia votar ou certamente votaria em um candidato indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas próximas eleições municipais, contra 41,4% que não votariam de jeito nenhum. Em contrapartida, 46,3% certamente votariam ou poderiam votar em um candidato indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), grupo que está empatado tecnicamente com os 49,1% que afirmam que não votariam de jeito nenhum.
● A maioria absoluta (90,2%) dos brasileiros defende que o equilíbrio entre homens e mulheres no Congresso é importante para a democracia. Outros 7,4% dos entrevistados responderam que não; e 2,4% não sabe ou não quis responder.
● Em comparação com o governo anterior, a economia brasileira melhorou para 39,5% dos brasileiros; 13,2% acreditam que essa melhora foi muito significativa e outros 27,1% avaliam que melhorou um pouco. Já 31,4% acreditam que a economia piorou um pouco ou muito, e outros 28,8% não viram nem melhora nem piora.
● A maioria dos brasileiros (57,1%) se diz insatisfeita ou muito insatisfeita com o funcionamento da democracia hoje no país, enquanto outros 38,9% se declaram satisfeitos ou muito satisfeitos; 4% preferiram não responder à questão. Apesar da insatisfação, 59,1% dos brasileiros concordam que a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo.
A pesquisa “A Face da Democracia” foi realizada com 2.536 entrevistas presenciais em 188 cidades, de todas as regiões do país, entre 26 de junho e 3 de julho deste ano.
A margem de erro é estimada em 2 pontos percentuais para cima ou para baixo e o índice de confiança é de 95%.
O levantamento é feito pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), que reúne pesquisadores das universidades: UFMG, Unicamp, UnB e UERJ, e é financiado por CNPq, Capes e Fapemig.
*Fernanda Lima e Luana Silva são jornalistas e pesquisadoras do Observatório das Eleições.
Abaixo, a íntegra da pesquisa A Face da Democracia