
A prisão do estudante brasileiro Marcelo Gomes, 18 anos, por agentes de imigração dos Estados Unidos no último fim de semana tornou-se o centro de uma crise política entre autoridades locais e o governo Trump. Detido quando se dirigia para um treino de vôlei em Milford, Massachusetts, Gomes estava prestes a se formar no ensino médio na Milford High School, onde integrava a banda escolar.
Segundo o Serviço de Imigração e Controle Alfandegário dos EUA (ICE), a prisão ocorreu porque os agentes buscavam na verdade o pai do jovem, também brasileiro e em situação migratória irregular. “Ele tem 18 anos e está ilegalmente no país”, afirmou Patricia Hyde, chefe do ICE em Boston, sugerindo que a detenção do filho poderia pressionar o pai a se entregar.
O que seria um dia de celebração transformou-se em ato político. No domingo (2), durante a cerimônia de formatura da qual Gomes participaria como músico, estudantes e professores organizaram uma marcha exigindo explicações.
A senadora estadual Rebecca Rausch juntou-se ao protesto, declarando: “Colocar estudantes do ensino médio em algemas não deixa ninguém mais seguro”.
Julianys Rentas, namorada de Marcelo, relatou à imprensa local que ele foi algemado nos pulsos e tornozelos e está detido com outros 30 homens. “Ele é o único jovem de 18 anos lá, é o mais novo. Ele não é um criminoso”, afirmou.

Autoridades locais contra política de Trump
A governadora democrata de Massachusetts, Maura Healey, criticou a ação: “Estou exigindo que o ICE forneça informações imediatas sobre por que ele foi preso, onde ele está e como seu devido processo está sendo protegido”.
Healey vinculou o caso à política migratória do governo Trump, que recentemente anunciou a meta de realizar 3 mil prisões diárias de imigrantes irregulares.
Kevin McIntyre, superintendente das escolas de Milford, destacou que outros pais de alunos também foram detidos recentemente: “Eles são membros da comunidade, alunos em nossas salas de aula, atletas, músicos, artistas, amigos e vizinhos”.
O caso ocorre em meio à escalada das operações de imigração sob a administração Trump. Autoridades federais confirmaram que continuarão com as chamadas “prisões colaterais”, detenções de familiares durante buscas por alvos principais, enquanto governos estaduais democratas se recusarem a cooperar com as ações.